quinta-feira, 23 de abril de 2015






Boa tarde, amantes de livros e queridos bloguistas.
Este foi um dos melhores livros que li...
Podem confirmar


Excertos do Livro:

Ou voltas a ser louca ou fico louco.
Foi com estas palavras que te pedi para seres tu. Desesperadamente tu. Já não suportava a demência de seres a pessoa normal que, ao longo dos últimos meses, estavas a ser. Mantinhas a casa sempre arrumada, eras a dona de casa perfeita, a esposa atenciosa e carinhosa (fazíamos amor como os adultos e deixámos de foder que nem loucos) e a loucura maior que fizeste neste período foi a de experimentar, um dia, não colocar açúcar no leite que t...omavas ao pequeno-almoço. Estavas sã demais e isso estava a dar comigo em louco.
 
Conheceram-se num café que não fora feito para as pessoas se conhecerem, num café que fora feito para a solidão ter um espaço. Estavam ambos a poucos anos de acabar, a morte cada vez mais perto. Decidiram, no meio da cama onde os corpos jovens outra vez, amar-se até ao fim e não chorar a morte do outro. Quando morrer quero que vivas para sempre, que encontres mais pessoas para te manteres viva, pediu-lhe ele. Ela acenou com a cabeça, o abraço sem distância, a pele eriçada com...o se não fosse velha. Depois as bocas juntaram-se, os lábios procuraram a eternidade. E encontraram-na.
 
Não gosto de palavras bonitas. Acredito que todos temos um limite de beleza para gastar ao longo da nossa vida. Eu prefiro gastá-lo em actos e não em palavras. Quem fala o bonito depois fica sem saldo para fazer o bonito. Eu prefiro ser o poema, o romance, a literatura. Não quero que sejas a minha musa, mas quero que sejas a minha tusa.
 
Usa desodorizante.
Diz pelo menos os palavrões todos que te apeteçam dizer.
Lava os dentes.
Faz algo que te assuste.
Diz piadas....
Não escolhas o fácil só porque te parece fácil.
Não comas com a boca aberta.
Não faças o difícil só porque te parece difícil.
Ama sem olhar a quem.
Come chocolates.
Ama só quando te sentes alguém.
Beija de língua.
Sonha com algo impossível.
Orgulha-te de cada ruga.
Experimenta novas posições sexuais.
Ri-te de ti.
Sonha com algo possível.
Ri-te dos outros.
Imagina o teu pior inimigo sentado na sanita.
Ri-te de tudo.
Nunca penses que brincas demais.
Chora.
Salta à corda.
Leva quem amas para um motel.
Atira-te ao mar sempre que podes.
Ama o sol.
Abraça.
Ama a chuva.
Perdoa quem amas.
Ama o vento.
Perdoa quem não amas.
Toma banho todos os dias.
Nunca desistas de um orgasmo.
Partilha.
Ajuda.
Olha.
Faz questão de tocar com a pele.
Sorri para quem te quer bem.
Abraça com força.
Sorri para quem te quer mal.
Não tenhas medo de desistir.
Sê único.
Não tenhas medo de não desistir.
Respeita a maioria.
Sê feliz com tudo o que temes.
Caga na maioria.
Dá tudo o que tens a todos os que amas.
Vai ao contrário só porque te apetece.
Usa cremes hidratantes.
Faz o que te der na real gana.
Casa por amor.
Ri para sempre.
Vive por amor.
Arrisca.
Pisa o risco.
Sê pornográfico.
Vicia-te em adrenalina.
Prossegue.
Avança.
Lava periodicamente o sexo.
Faz todas as opções em nome do prazer.
Ama periodicamente com o sexo.
Insiste em estar viver.
Vem-te periodicamente.
Continua esta lista.
Todos os dias.
A toda a hora.
Já.
 
Se não te imaginares a ficar velhinha ao lado de um velhinho que é a pessoa que amas e se isso não for uma imagem que te arrepia de felicidade da ponta dos pés à ponta dos cabelos, desiste de amar, porque, ficas a saber, quando não se percebe que envelhecer é fixe porque te oferece a possibilidade de poderes amar até ao fim dos teus dias a pessoa que amas, então não se calhar não se ama nada.
 
– Queres pecar comigo?
– Todos os dias.
 
Não se sabe onde acaba o mundo mas eu sei que
a vida acaba no fundo dos teus lábios. Tinha as
palavras preparadas para te dizer que havia mais do
que tudo a precisar que fizéssemos aos corpos o que
tudo o resto em nós já fizera. Depois iria dizer-te que ...
desde que te olhara que já sabia a que sabia o teu beijo
e que era tempo de as bocas o saberem também.
 
E lá vem o setôr, tu agarras-te a mim com força e pedes-me ajuda, o «João Maluco» está a rir-se porque já sabe que vamos para a rua, tem razão e lá vamos nós, eu e tu e um processo disciplinar e mesmo assim sou o homem mais feliz do mundo, amo-te tanto e um dia vais saber disso, prometo,
agora dá cá a mão e vamos os dois ao bar do Tó comprar gomas e pensar no que vamos dizer aos nossos pais para explicar que eu te amo.
 
Amei-te muito antes de te amar. Éramos o que
os amantes eram e nem precisávamos de
corpo para isso, porque o que dizíamos nos
satisfazia, e sempre que a vida acontecia era um
ao outro que tínhamos de falar. Se há coisa que ...
temo no mundo é o teu fim. Passo horas a sentir-me
indestrutível, a ter a certeza de que nada me
toca, de que nada me poderá doer o suficiente para
me fazer recuar, e depois vens tu. Tu e a tua imagem
a perder de vista, os teus olhos quando me olhas, a
tua boca quando me falas, e é então que percebo
que sou finito, pobre humano, e desato a chorar à
procura do telefone e de uma palavra tua que
me convença de que ainda existes. É na possibilidade
do teu fim que encontro a humildade.
 


A única coisa que tinham como certa era amarem-se, e pensavam já então que tinham tudo.
E tinham.

Saber que estiveste
é o que me impede
de estar.
A tua voz ao acordar: vem, ama-me. E eu a amar-te ...
sem pensar no tempo, o relógio estendido na
cabeceira da cama, farto de saber que até
ele, o tempo, teria de esperar que estivesses
pronto para me deixares ir. E depois.

Como posso inventar quem te substitua
se ainda aqui estás?
Depois foste e não deixaste nada para trás, e foi essa a
tua maneira de ficares inteiro. E se ainda me consigo levantar
para a vida é porque ainda espero que venhas, de lágrimas
nos olhos, pedir-me desculpa por teres ido, por
teres ousado extirpar-me o que me fazia querer.
A única coisa que quero
e sempre quis
é que me queiras.
No nosso quarto há um museu à tua espera. Os teus
sapatos abandonados no mesmo local onde
os deixaste: todos os dias os limpo religiosamente
como tu todos os dias os limpavas religiosamente. O teu
lado da cama desocupado – e ai de quem ousar entrar
no que te pertence. Nem eu ouso entrar no que te
pertence. Quando voltares vai estar tudo na mesma
para te receber. Será uma maneira diferente de te absolver.
O que me fizeste é imperdoável
mas não vires imediatamente aqui para te perdoar
não tem perdão.
Pode ser tarde – e é. Mas entre esperar toda a vida
que venhas e temer toda a vida que vás
prefiro a segunda alternativa.
Antes a tua mão na mão
do que duas outras mãos
sem amar.
Esperarei por ti por mais que me convença do contrário. E
podem vir os melhores homens do mundo, as mais
perfeitas criaturas do universo, e ainda assim bastará
saber que os teus defeitos querem os meus de novo
para sempre para ser tua para sempre outra vez.
Por favor volta e traz as tuas imperfeições.
É o que basta
para me fazeres feliz.

Fomos quase amantes perfeitos, quase um casal perfeito, quase a felicidade perfeita. Houve dias em que os corpos quiseram, dias em que os corpos forçaram. Foi nesses dias que nos abraçámos, as minhas mãos à volta de ti, as tuas à volta de mim, um abraço inteiro a comprovar que tudo o que nos bastava era coragem. Bastava eu dizer o que nunca parei de te dizer, o que todos os dias ensaiava dizer-te, para que este peso que agora será meu para sempre se diluísse em suor. Perdoas-...me amar-te para sempre em silêncio?
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Metade de mim és tu e a outra metade é pecado.

deixa estar que eu resolvo, filho,
um pai é, na pior das hipóteses, um herói, um super-homem, e eu aqui estou para o que for preciso, já te tenho no colo, estás a chorar mas isso passa, um beijo aqui, um abraço ali, a tua mãe, deixa-me cá abraçá-la um bocado contigo ao colo, daqui a pouco dá-te de mamar e já ficas bem, és tão bonito, sabes?, dizem que tens os meus olhos e eu gosto, claro, mas o que eu quero é que tenhas os teus, que vejas tudo e que vejas só coisas boas, agora tenho de ir embora porque a senhora enfermeira quer levar-te para o berço, isto não se diz mas és de longe o bebé mais bonito de todos, que se lixem as meias palavras, que eu amo o meu filho inteiro,
deixa estar que eu resolvo, filho,
dói muito mas tem de ser, vais adorar aprender a ler, quando souberes escrever prometes que escreves que me adoras?, podes até um dia ser escritor como o teu tio, tens tantas coisas para aprender, fazer contas e saber os nomes dos rios, no meu tempo sabia-se isso tudo, os rios, as estações, as capitais de distrito, agora não sei mas tu vais gostar, vá, vai, não chores tanto que eu não aguento, dói tanto haver coisas boas que doem tão mal, por favor não te agarres assim ao meu pescoço, olha tantos meninos, a professora parece simpática e vai ajudar-te, garanto-te, e agora que olho com atenção vejo que és de longe a criança com o aspecto mais inteligente da turma, sei que isto não se diz mas está dito, que se lixem as meias palavras, que eu amo o meu filho inteiro,
deixa estar que eu resolvo, filho,
claro que assino, gosto da tua mulher, escolheste bem, meu danado, nisso sais ao pai, que a tua mãe ainda é sem dúvidas a mulher mais jeitosa lá do bairro, e tenho a certeza de que vão ser felizes, deve haver algo que me deixe mais feliz do que ver-te feliz mas sinceramente ainda não descobri, confio em absoluto em ti, a senhora do banco é uma velha conhecida, a Dona Emília que trabalhou comigo na empresa de calçado, uma santa, e a casa é uma maravilha, espaço para uma família e daqui a nada quero netos a saltarem por lá, ah pois quero, cá está a assinatura, quarenta anos de poupança não poderiam ter melhor uso do que este, estou tão orgulhoso de mim e de ti, o meu menino grande a começar uma vida, custa perder-te mas no fundo estou a ganhar-te de uma outra forma, és um companheirão, o meu filhão, sei que não devia dizer isto mas olhando para vocês os dois vejo claramente que são o casal com mais pinta que alguma vez pediu empréstimos neste banco, que se lixem as meias palavras, que eu amo o meu filho inteiro,
deixa estar que eu resolvo, filho,
é só uma dorzita, não te preocupes, carcaça velha não parte, o médico disse que passa rápido e que eu estou bem, não precisavas de vir comigo, tens lá a tua vida, não gosto nada de te atrapalhar os planos, vamos mas é falar do Sporting, aquele novo reforço não parece grande espingarda, não achas?, adorava ir contigo ao estádio amanhã mas ainda me custa a andar, nada de mais, não faças esses olhos, nada faz chorar tanto como os olhos de pena de um filho, não me olhes assim, meu amor, dá cá um abraço e conta-me da tua vida, é verdade o que tua mãe me disse, que já és o chefe de turno da tua fábrica?, eu sempre soube que ias longe, daqui a nada mandas naquela porcaria toda, raios, foi só uma escorregadela, desculpa, eu estou bem, a sério que estou, eu já me levanto, só estou a ver onde me posso agarrar, o que pode doer mais do que precisarmos do colo de um filho para chegarmos à cama?, aqui está-se melhor, deixa-me só descansar um pouco que já vou ter contigo à sala, liga a televisão e põe a gravação daquele programa em que estiveste no outro dia, isto não se diz mas foste de longe o melhor participante que aquele concurso já teve, que se lixem as meias palavras, que eu amo o meu filho inteiro,
deixa estar que eu resolvo, filho,
tens a boca da tua mãe, isso é certo e não posso negar, mas os olhos são meus, existe lágrima mais contente do que a que cai quando vês os teus olhos nos olhos do teu filho?, tenho-te nos braços e estou tão feliz, só queria que o meu velhote aqui estivesse, de certeza que iria dizer que daqui a nada estás a engatar miúdas no liceu e que irias ser o melhor aluno da turma, depois iria falar-te do novo reforço do Sporting, quando sair daqui vou directo ao estádio para te fazer sócio, se desse para ficares com o número dele é que era, isto não se diz mas és de longe o sportinguista mais bonito de todos, que se lixem as meias palavras, que eu amo o meu filho inteiro.

Ainda não experimentei as posições todas do Kama Sutra, e estou a ficar velho para algumas, felizmente conheço médicos e eles ajudam-me se alguma coisa correr mal, ainda não disse um milhão de vezes ao meu pai que o adoro, mas estou lá perto e bem vistas as coisas um milhão é pouco para algo infinito assim, ainda não abracei a minha mãe e lhe dei um beijo na testa até que os lábios secassem e os braços cansassem, pode ser agora mesmo, quando acabar este texto, ainda não escre...vi a obra-prima e só tenho mais coisa menos coisa mais setecentos mil milhões de frases para o tentar, mais algumas, provavelmente, tenho a certeza de que vou morrer de caneta na mão, ou de computador no colo, a última frase será qualquer coisa como «Desculpem qualquer coisinha, mas leiam, e sobretudo amem.»,ainda não inventei palavras que me satisfaçam, ainda nem sequer atirei bolos à cara do meu melhor amigo, ainda não vi os meus alunos ganharem o Nobel, ainda não me apeteceu dançar em cima do balcão de um bar, e dançar mesmo, ainda não calei mais uma vez os desgraçados que me dizem que não serei capaz de fazer o que já acabei de fazer, os que ainda ontem me asseguravam que não chegaria aqui hoje, ainda não mostrei aos meus filhos que o pai só consegue porque faz, porque chora, porque arrisca, porque se expõe, porque não quer estar parado nem aguentar, ainda não apertei os meus gatos até os sentir no meio dos meus ossos, ainda não, ainda não, por favor ainda não, ainda não estou pronto para morrer, nunca estarei, só mais um minuto, afinal de contas vai ser essa a minha última frase, «Ainda não.», com exclamação, «Ainda não!», odeio exclamações e vou usar a primeira quando for a última, «Ainda não!», e é tão pouco, tem de ser mais, mais desesperado, mais urgente, mais absoluto, «AINDA NÃO!», não chega mas é o que há, nenhuma língua está preparada para a morte, não há recursos que cheguem para ela, o pior não são as línguas mortas, são as línguas na morte, incompetentes, incapazes, como eu, ainda não, por favor, mas tem de ser, admito, mas nunca aceitarei, nunca, nunca aceitarei, quando for ficarão em dívida comigo, serei credor para sempre, que isso fique escrito, e agora está, que a justiça o cobre sem misericórdia,
viver é insuportável e é tão bom, porra.

Ainda não sei sobretudo a cor das tuas cuecas hoje, e isso é o que mais me custa, confesso,
agora já sei, que maravilha,
e agora já não sei outra vez
(ou esqueci, vá),
o chão que as aproveite, sortudo,
viver é insuportável e é tão bom, foda-se.


Amo-te até me encontrar. És a minha perdição e a minha encontração. Preciso de ti para me perder e preciso de ti para me encontrar. Se olhar à volta e não te encontrar estou perdido, por mais que esteja num local familiar. Se não estiveres à volta de mim é porque não sou eu.

Quem nunca pecou não é santo; é defunto.

se tu soubesses que eu te amo,
talvez fosse diferente, talvez te deitasses à noite comigo e me deixasses ver-te adormecer, tocar-te no cabelo até ao fundo das lágrimas, trazer a tua cabeça até ao medo dos meus ombros e esperar que a felicidade chegasse enfim,
se tu soubesses que eu te amo,
mas tu sabes.

– Uma distracção e o amor acaba.
– Uma distracção e a vida acaba.
– Foi o que eu disse


quando nos deitamos e nos apertamos nas nossas carências sabemos que nos atravessa o que não tem solução, o mal que nos afecta não tem cura, e mesmo assim curamo-nos,
o amor pode muito bem ser apenas a impossibilidade de curar um mal, e depois obviamente curá-lo.


O amor tem de exigir vigilância máxima, tens de ser um soldado no campo de batalha, todo o teu corpo à espera de um ataque, de uma bala perdida. E se há algo em que o amor é imbatível é na quantidade de balas perdidas que liberta. Por vezes és atingido e nem percebes. E já não existe amor, só uma dor que se vai alargando no meio do teu peito, uma dor que te consome, que te dilacera, que te abate. Pensas ser amor e é apenas uma ferida. Há feridas que parecem amor.


é preciso tão pouco para amar uma pessoa, não é?,
e depois da tempestade vem a tempestade, não é de pólos opostos que vem o amor, é de um mesmo pólo em lugares diferentes,
sou tão viciada na tua pele,
misturamo-nos os cheiros e os gestos, sabemos que é só prazer e que vai ser tão curto, e por isso insistimos,
o amor pode muito bem ser apenas a ocorrência frequente de prazer, e a sua respectiva insistência.


Gosto de quando és homem, sabias?,
da maneira como me mostras a dimensão da tua força e me apertas pequena quando me dói,
há tanto para doer, não há?,
a chuva e o sem-abrigo sem ter como fugir dela, as pessoas esquecidas no canto do autocarro,
que merda é esta que inventaram no mundo?, ...
e depois chego a casa, o dia todo nos meus ombros, e existe a tua força, dizes-me que tudo vai passar, e passa mesmo, quando me pedes para me deixar proteger,
o amor pode muito bem ser apenas alguém que nos pede para nos deixarmos proteger, e nos protege mesmo.


Só a teimosia nos mantinha juntos, uma casmurrice tão grande que nos segurou a totalmente nada durante mais de duas décadas. Duas décadas. Foda-se. Vinte vezes trezentos e sessenta e cinco dias da minha vida perdidos assim, a ver quem era mais resistente, a ver quem não cedia só pelo prazer de ver o outro ceder. Aposta que ele sonhava, como eu sonhava, com o dia da libertação, com o dia em que chegasse a casa e eu dissesse: «Estou farta, vamos acabar com esta merda.» Mas o di...a não chegava. E a porcaria a crescer. E o nosso filho cada vez mais a perceber que vivia com duas pessoas diferentes em duas esferas diferentes e nunca com um casal. Havia três casas na nossa: a minha, a tua e a nossa com ele. E ele, esperto como nunca deixou de ser, sabia exactamente como agir com um e com o outro. Fazia tudo para nos obrigar a encontrar acordos, a chegar a abraços, por mais forçados (e esforçados) que fossem. Estava capaz, juro, de aguentar assim até ao derradeiro dos dias da minha vida. Que filha da puta de burra é que prefere a vida inteira a ceder do que ceder uma vez na vida?



Trazes o relógio azul que te dei pelo aniversário e a promessa de um beijo, é o que basta para te abrir os braços e te convidar para debaixo dos lençóis,
há tanto frio em mim quando não estás,
já fechei as janelas e os olhos e não há maneira de adormecer, ouve-se a cidade cheia de pessoas e nenhuma és tu,
Deus acontece pela diferença,
e pela maneira como quando chegas me sorris e me pedes perdão por mais um atraso, o escritório e reuniões, quase dez segundos até que sem f...alar te diga para vires e te abraçar por dentro,
há só uma vida e és tão inacabável em mim.


Fomos insistindo. Fomo-nos insistindo. Sempre na guerra mas agora em silêncio, em surdina, cada um na sua estratégia fria de combate. Ele deixou de ser o meu amor – apesar de, sei-o agora que cinicamente, me continuar a tratar pelo pequeno e insignificante «mor» de sempre – e passou a ser apenas e só o alvo de todos os meus movimentos internos. Quando é que alguém deixa de ser a nossa vida para passar a ser o que nos impede de viver?



Fiz ontem as contas e foram mais de trinta mil os dias em que adormecemos e acordámos juntos, na cama onde agora te escrevo e de onde espero sair para ir de novo até ti. Trinta mil dias a olhar-te dormir, a saber o frio ou o calor do teu corpo, a perceber o que te doía por dentro, a amar cada ruga a mais que ia aparecendo. Trinta mil dias de eu e tu, desta casa que um dia dissemos que seria a nossa (que será de uma casa que nos conhece tão bem quando já aqui não estivermos pa...ra a ocupar?), das dificuldades e dos anseios, dos nossos meninos a correr pelo corredor, da saudade de nos sabermos sempre a caminho de sermos só nós. Trinta mil dias em que tudo mudou e nada nos mudou, das tuas lágrimas tão bonitas e tão tristes, das poucas vezes em que a vida nos obrigou a separar. Trinta mil dias, minha velha resmungona e adorável. Eu e tu e o mundo, e todos os velhos que um dia conhecemos já se foram com a velhice. Nós ainda aqui estamos, trinta mil dias depois, juntos como sempre. Juntos para sempre. Trinta mil dias em que desaprendi tanta coisa, meu amor. Menos a amar-te.


És toda boa,
e ela parou e respondeu, ninguém se riu e ele desceu, ela sorriu, mostrou-lhe uma fotografia antiga, um caderno rasurado e gasto, alguém a terá ouvido dizer que tinha saudades de falar com alguém inteligente, não se sabe se será boato ou verdade, certo é que desde que tinham visto no YouTube um porco a andar de bicicleta nada terá surpreendido tanto as pessoas naquele andaime como aquilo,
não é preciso um intelectual para definir o que é o amor, passaram eles a... saber.


Que barulho faz a chuva quando te abraço assim?,
há um texto para escrever, o drama de um escritor é haver sempre um texto para escrever, e é também a sua sorte, não faço sentido mas sabes-me bem,
ontem o teu cabelo cheirava a abraço,
lembro-me de nunca um nariz ser tão feliz, as coisas que eu escrevo, meu Deus, podia dissertar sobre a crise, os mercados e a subida do rating ou lá o que é, mas prefiro dedicar-me à mistura das gotas da chuva na janela com o ligeiro fio de su...or que escorre pelo meio do teu peito,
quando dormes Deus acorda para ter ver dormir,
os católicos não sabem mas o milagre é amar-te, viraste-te de repente para o lado de cá, tanto que havia para escrever e só consigo escrever-te,
que desgraça és tu que me fazes feliz?,
havia talvez a necessidade de explicar a existência de dívida soberana, desancar em dois ou três políticos, ou mesmo mais ou todos eles, só eu sei como eles merecem, mas quando volto aqui só escrevo o poema que me mostras,
todos os que amam são poetas,
pelo menos os que amam assim, com o verso sempre interrompido, tudo para dizer e tão poucas palavras para mostrar,
quantos dicionários exige o teu corpo?,
e isto para não falar sequer da tua voz, da maneira inadmissível como dizes que me amas e eu acredito, já são nove da noite e tenho de entregar um texto às dez, pára de me olhar, e tu paras, viras-te para o outro lado mas não chega, começo uma frase qualquer sobre uma coisa qualquer, acho que desta vez era sobre desporto, vê lá tu, mas depois as tuas costas,
bastam as tuas costas para criar um génio,
daqui a nada o prazo passou mas que se lixe, deixa-me escrever num instante a vontade da minha língua em ti, a importância absoluta das tuas mãos, ou até mesmo a calma do teu colo quando me dói, faltam cinco minutos para as dez e já tenho um e-mail do editor, agora é que vai ser, vou escrever sobre a solução para a tristeza no país, debitar duas ou três banalidades, citar alguns autores famosos para toda a gente me respeitar, e depois está feito, espera um pouco que já volto, aqui vai disto, uma frase já foi, agora mais outra, mas ainda aqui estás e quando dou por mim já escrevi quatro ou cinco frases sobre a falta que me fazes quando não estás, a dimensão absurda do sofá sem ti, olho para o relógio e são dez,
o que hei-de fazer para escrever algo que não tu?,
carrego no botão enviar e já foi, uma crónica inteira sobre ti, espero que não estranhem, afinal de contas é a primeira vez que te dedico uma crónica inteira, pelo menos hoje, claro, ontem e anteontem tenho a ideia de já ter sido assim,
ainda demoras muito a dar-me um abraço de parabéns?


Se não ficares perdida sempre que estás sem a pessoa que amas, nem que seja uns simples segundos, desiste de amar, porque, ficas a saber, quando se ama apenas se está no lugar certo quando se está no lugar onde está quem amas.


Era um menino que sonhava demais, e um dia sonhou que havia uma folha especial, uma folha tão especial que fazia com que tudo o que lá se escrevesse ganhasse vida e fosse real, o menino adorou a ideia e foi contar aos pais

– estás maluco

mas o menino era um menino que sonhava demais e não desistia de sonhar, e em vez de desistir da ideia aumentou a ideia, é essa a vantagem de ser um menino e sonhar, quando se é um menino e se sonha em vez de se parar perante o sonho aumenta-se o sonho, sonha-se ainda mais maior, ainda mais grande

– e se em vez de uma folha fosse um caderno inteiro

e o menino foi a correr à livraria, pediu duas folhas do papel mais barato que havia, os sonhos não têm de ser caros e o menino sabia, afinal de contas os melhores brinquedos que tinha não eram brinquedos nenhuns, uma bola de trapos, um parafuso que para ele é a Torre Eiffel, um taco de madeira que ele transformou num automóvel

– vruum

ele e a folha em branco, a magia pela primeira vez, ali pode inventar o que quiser porque inventou a folha mágica, basta escrever e acontece, ele não sabe muitas letras nem muitas palavras, entrou há pouco tempo para a escola, escreve o que sabe e que no fundo é o que quer

– pai

depois olha e gosta, apaga um ou outro risco, põe direitinho para nada falhar, para que a magia aconteça como tem de ser, olha outra vez, agora está perfeito, só mais uma palavra e pode ser que a magia aconteça

– mãe

basta arrancar a folha e vai acontecer a magia, é agora que vai testar a sua invenção

– pai
– mãe

e eles chegam, o menino arrancou a folha, leu as palavras várias vezes, e eles apareceram, talvez preocupados com ele, talvez sem saber o que aconteceu, mas a verdade é que aconteceu, a magia aconteceu, o menino explica aos pais outra vez que inventara a folha mágica primeiro e o caderno mágico depois, os pais respiraram fundo primeiro e repreenderam-no depois

– não voltes a assustar-nos assim

o menino não compreendeu, que mal tem sonhar?, e continuou na sua invenção que iria mudar o mundo, bastava escrever e o mundo mudava, imagine-se o que não se poderia fazer com isso, pensou em mil e uma coisas para escrever, mil e uma coisas para inventar, mas percebeu então que não sabia escrever e tinha de saber escrever para que a folha fizesse o seu trabalho, podia chorar e ser como todos os outros meninos que não têm o que querem e choram e param, mas este menino nisso era diferente e quando tinha um sonho não chorava e fazia

– por favor ensinas-me a escrever até começarem os desenhos animados

a irmã mais velha riu-se mas não resistiu, ao fim do dia, quando chegavam da escola, lá iam os dois para o quarto, ninguém sabia o que iam fazer, diziam que havia trabalhos para fazer e havia, mas o menino estava só a lutar pelo sonho, a irmã gostou de brincar às professoras e ensinou-lhe tudo, as letras todas, e vinte ou trinta dias depois já o menino que só queria sonhar tinha todas as ferramentas para criar o seu sonho

– era uma vez

começou assim porque lhe pareceu que era assim que começavam todos os sonhos, e foi escrevendo, frase a frase, invenção a invenção, e aos poucos foi percebendo que aquele seu caderno era mais mágico ainda do que aquilo que ele tinha inventado, afinal nem precisava de arrancar a folha para existir, ele ia escrevendo e à medida em que ia escrevendo sentia tudo a acontecer, o príncipe que queria voar, a princesa que queria ser salva, o menino foi escrevendo e aquilo tudo foi acontecendo, ele via-o ali, à sua frente, dentro de si, mesmo dentro de si, todas as emoções, ria, sorria, até chorava, vejam lá

– como podem dizer que não existe se me faz chorar

e quando muitos anos depois, centenas de adultos e de crianças de uma escola primária diante de si, ele apresentou mais um dos seus livros, resolveu oferecer um presente especial a cada um deles

– é um caderno com superpoderes

e passou-lhes para a mão um monte de folhas em branco igualzinho ao que lhe mudou a vida

– o que escreverem nele acontece mesmo

todos se riram menos as crianças, que começaram imediatamente a experimentá-lo.



Desaprendi a perceber as pessoas que o mundo contém. Há pessoas que gastam a vida na vida dos outros, na felicidade dos outros a martirizar a sua, pessoas que não se agarram ao tanto que têm e preferem agarrar-se ao tanto que nunca terão. Há pessoas que se gastam na vida. Para que serve toda a vida pela frente se tudo o que fazemos a faz virar as costas?



Que desgraça és tu que me fazes feliz?



Disseste «acabou o tempo» e eu ouvi. Disseste «amo-te até que me falte a pele» e eu ouvi. Disseste «adeus» e eu ouvi. Para que raios exigiste palavras quando tudo em mim te dizia tudo em ti?


Vieste sozinho, os teus passos decididos a dizerem-me a vida. Sabia que vinhas para a despedida, para o momento em que todas as dores se fazem pequenas. Porque tens de partir para onde eu não estou? Porque existe a possibilidade de uma vida de ti em que não esteja toda a minha vida? Vieste sozinho, e na tua solidão à chegada estava a certeza de que querias a solidão à partida. De quantos abraços precisas para saberes que és meu?


Dizia-te que Deus habita na carne do
poema, que as palavras que escrevia
estavam tão longe de te merecer, depois
agarrava-te com força e mostrava-te que até
o amor sabe a importância do corpo.



Era perfeitamente dela. Perfeitamente dela, tanto quanto pode ser perfeito um louco e um desgraçado. Podia ter-lhe dito tanta coisa, tudo o que lhe corria na cabeça, tudo o que o fazia pensar que estava a minutos de a perder para sempre se lhe dissesse que a queria para sempre. Podia ter-lhe dito tanta coisa importante, tanta coisa decisiva, mas bastou que ela o agarrasse e o puxasse para dentro de si para perceber que só o silêncio era urgente.


A noite parece cair e a rua, depois dos empregos acabados e das pessoas acabadas nos empregos acabados, começa a despir-se de ansiedade, de agonia, os carros já escasseiam, as buzinas deitaram-se até à manhã de um novo dia, e toda a humanidade parece existir outra vez. Os homens e as mulheres já não procuram destinos, e andam pelo passeio a saborear o passeio, pelo jardim a saborear o jardim. Quando o dia acaba e as correrias terminam, só os humanos resistem na parte de fora ...do mundo. Os outros permanecem, agora em casa, frente aos televisores, na procura desenfreada de uma qualquer manobra que lhes permita não desistir. Um golo num campo de futebol, um beijo numa telenovela, mesmo uma morte numa série de culto. A mim, quando a humanidade regressa às ruas, continua a servir-me apenas o que a toda a hora procuro. A tua mão a amar a minha, o teu olhar, aqui e ali, a procurar-me à procura de validação, a tua cabeça por vezes pousada no meu ombro, e as palavras que nunca tiveram de correr para serem imortais: amo-te.


Não é parar que é morrer; é ir andando.


– Vai. Sê feliz para sempre.
Foste. Não sei se feliz. Mas foste. E agora percebo que foram as palavras, são sempre as palavras, tu e essa capacidade sem par de me convenceres do impossível. Abandonaste-me e eu agradeci. E fiquei sem ti a pensar que contigo.


Devíamos aprender a querer devagar,
arriscas,
mas entretanto já pousei os meus lábios nos teus, é insuportável o teu cheiro se não puder tocar-te



O mais perverso na ciência é acreditar que a vida é científica, que algumas máquinas e algumas medições podem definir o sentido do que quer que seja. E depois há a segurança, a estranha mania de querer saber tudo quando o que faz a magia de tudo é não saber, nem nada que se pareça, tudo. Gosto dos espaços em branco, das explicações por dar, dos fenómenos por perceber.
Se um dia souber o motivo por que me fazes vir assim, aposto que nunca mais me venho assim.
Não quero que vi...vas para sempre nem quero que o nosso amor seja eterno. Quero que um dia acabemos para nunca mais voltarmos a acontecer.
Agora anda cá e por favor fode-me até à eternidade.


Não sabem se foram horas se foram só minutos; sabem que a partir dali nunca mais entenderam a vida da mesma forma. Adormeceram, cansados e apertados (os corpos encaixados como se tivessem nascido para aquilo: um para receber o outro debaixo dos lençóis; será o tamanho de um corpo definido em função do tamanho de outro?), e quando acordaram perceberam que estavam a acordar pela primeira vez.
Todo o amor nos acorda pela primeira vez.


«Um café e um amor eterno, por favor», disse ele, o olhar dela como se fosse a vida. Havia à volta todas as mesas e todas as pessoas nas mesas, o cheiro ácido e quente da cafeína, o sol vadio a entrar pelas janelas grandes de vidro sujo. A necessidade de mais palavras apagou-se quando o silêncio ficou, um segundo ou dois, a falar o que havia para dizer. É claro que ambos sorriram, é claro que ela não lhe trouxe o amor eterno mas trouxe-lhe o amor possível, escondido no papel de um dos pacotes de açúcar. Ele não quis ler logo, quis fazer-se de forte e aguentou, tomou (ele pensa que devagar, mas na verdade não demorou mais do que dez ou vinte segundos) o café enquanto lançava possibilidades sobre o que ali estaria escrito, e de entre todas a que ele escolheria seria a mais simples de todas, qualquer coisa como «saio à meia-noite» bastaria.
«Saio à meia-noite», repetia ele, vezes sem conta, a nota na mão (ele pensa que rija, mas na verdade tremia tanto que o empregado não a conseguiu agarrar à primeira) e a respiração perdida algures entre o medo e a esperança. «Então até amanhã», despediu-se (ele pensa que normalmente, mas na verdade ninguém naquele café entendeu patavina do que ele disse, tal foi a velocidade com que o disse), os passos a correr e o pacote de açúcar pequeno tão grande a ocupar-lhe todo o corpo. Queria que tudo fosse perfeito para o ler, queria lê-lo num lugar que o merecesse, para que aquele momento nunca mais se esquecesse, e já se imaginava muitos anos depois, frente à lareira, a contar aos netos como conhecera a avô, as suas aventuras, um simples pacote de açúcar como personagem principal; pensou depois que a história passaria de geração em geração, que dali a quatrocentos ou quinhentos anos, quando talvez já não houvesse açúcar, ainda se saberia a história daquele pacote que tornou possível toda uma família. «Saio à meia-noite», disse mais uma vez, como que pedindo a quem manda no mundo que lhe fizesse a vontade.
«O mar é sempre um bom sítio para amar», pensou, já sentado na areia, dois ou três metros entre ele e a água que ia e vinha. O papel amarrotado na mão, o suor frio e os braços doridos, o organismo inteiro a pedir-lhe clemência. Ganhou coragem, abriu a mão, já o Sol se punha ao fundo do mar (pensou que mais perfeito seria impossível, enquanto sem perceber já uma lágrima caía na areia), e foi desdobrando o papel, alguns grãos ainda vivos a fazerem-se sentir. Olhou uma vez, olhou outra, passou a palma da mão pela cara para limpar as lágrimas, voltou a olhar. Meia hora depois, a noite e a Lua e o mar frio, voltou a olhar e tudo continuava na mesma. Não havia uma única palavra ali escrita, nada, mesmo nada, apenas a marca do açúcar, a empresa fabricante e os ingredientes, talvez, em letras pequenas, a data de validade, e teve a certeza de que se enganara no pacote, e que só podia haver um outro perdido num qualquer lixo com tudo o que havia para ler. A Lua pareceu escura quando, olhos no chão e o peso de todas as ilusões nas costas, abandonou a praia, um sem-abrigo com pena a olhá-lo com uma palmadinha nas costas. Viu toda a família a desaparecer, os netos junto à lareira, o mito de tantas gerações do pacote de açúcar e da mensagem que criou a vida. Nada disso, tinha a certeza, já sem lágrimas mas com os olhos vergados, iria acontecer. Não havia qualquer bilhete para ler. Mas ela sairia mesmo à meia-noite.



Perderam horas a debater a inutilidade de amar e quando terminaram tinham mudado as suas vidas, ela disse que o amor doía, apagava, acendia, chorava, criava, destruía, construía, adoecia, saltava, gemia, desconfiava, sobrava, ria, rasgava, cortava, colava, cosia, tocava, fugia, libertava, prendia, olhava, escondia, ele acrescentou que além disso o amor ainda matava, mentia, seduzia, ensinava, conduzia, possuía, descobria, dominava, excitava, contagiava, controlava, alegrava, ... receava, e era por isso tudo que não servia para nada.

Perceberam profundamente a estupidez de amar e só então amaram.



«Gostava de te conhecer melhor e não encontro lugar melhor para isso do que o meu corpo.»

Podia faltar muita coisa no que se diziam, mas não faltava urgência, não tiveram tempo de saber quem eram, mas tiveram tempo de saber o que queriam, à volta pessoas dançavam, pessoas bebiam, pessoas cantavam, as luzes a piscar, a música alta, batidas fortes, ela a olhá-lo e ele a olhá-la, há sentidos a mais quando se olha assim.

«Já percorri o mundo mas nunca vi região mais bonita do qu...e o litoral dos teus ombros.»





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