sexta-feira, 4 de julho de 2014

Manual Primeiros socorros I

1.Afogamento

Convém lembrar que uma criança pequena pode afogar-se em alguns centímetros de

água, até mesmo na banheira durante o banho ou num tanque quase vazio.
o que deve fazer:


*



Retirar a vítima imediatamente de dentro da água.


*



Verificar se está consciente, se respira e se o coração bate.


*



Colocar a vítima de barriga para baixo e com a cabeça virada para um dos lados.


*



Comprimir a caixa torácica 3 a 4 vezes, para fazer sair a água.


Se a vítima não respira, deitá-la de costas e iniciar de imediato a ventilação artificial por

respiração boca-a-boca e, se necessário, fazer também massagem cardíaca.

Logo que a vítima respira normalmente, colocá-la em Posição Lateral de Segurança (PLS)

e mantê-la confortavelmente aquecida.

Em qualquer situação, transportar a vítima para o Hospital.


o que não deve fazer:


Se o afogamento se deu no mar ou num rio o socorrista não deve:


*



Lançar-se à água se não souber nadar muito bem


*



Procurar salvar um afogado que está muito longe de terra


*



Deixar-se agarrar pela pessoa que quer salvar

Deve atirar-lhe uma corda ou bóia.

2.Asfixia


A Asfixia ou Sufocação está relacionada com a dificuldade respiratória que leva á falta de

oxigénio no organismo.

As causas podem ser variadas, sendo a mais vulgar a obstrução das vias respiratórias por

corpos estranhos (objectos de pequenas dimensões, alimentos mal mastigados, etc.)

 
outras causas de asfixia são:

*


Ingestão de bebidas ferventes ou cáusticas

*


Pesos em cima do peito ou costas

*


Intoxicações diversas

*


Paragem dos músculos respiratórios

sinais e sintomas:

Conforme a gravidade da asfixia, podem ir desde um estado de agitação, lividez, dilatação

das pupilas (olhos), respiração ruidosa e tosse, a um estado de inconsciência com paragem

respiratória e cianose da face e extremidades (tonalidade azulada).

A situação é grave e deve-se intervir rapidamente!

o que deve fazer:

A.


Numa criança pequena:

* Abra-lhe a boca e tente extrair o corpo estranho, se este ainda estiver visível, usando o

seu dedo indicador em gancho ou uma pinça (cuidado para não empurrar o objecto!).

* Coloque a criança de cabeça para baixo. Sacuda-a e bata-lhe a meio das costas, entre

as omoplatas, com a mão aberta.

B.


No jovem|adulto:

* Coloque-se por trás da vítima, passe-lhe o braço à volta da cintura.

* Feche o seu punho e coloque-o logo acima do umbigo.

* Cubra o punho com a outra mão e carregue para dentro e para cima.

* Repita as operações as vezes que forem necessárias.

* Se a respiração não se restabelecer e a vítima continuar roxa (cianosada), faça reanimação|

respiração artificial.

* Logo que a respiração estiver restabelecida transporte a vítima para o Hospital.

o que não deve fazer:

Abandonar o asfixiado para pedir auxílio.

3.Convulsão

É muitas vezes conhecida por “ataque” e caracteriza-se por alguns dos seguintes sinais e/

ou sintomas.

sinais e sintomas:

*


Movimentos bruscos e descontrolados da cabeça e|ou extremidades.

*


Perda de consciência com queda desamparada.

*


Olhar vago, fixo e|ou “revirar dos olhos” (precede os anteriores).

*


“Espumar pela boca”

*


Perda de urina e|ou fezes.

*


Morder a língua e|ou lábios

o que deve fazer:

*


Afastar todos os objectos onde a pessoa de possa magoar.

*


Tornar o ambiente calmo afastando os “mirones”.

*


Anotar a duração da convulsão.

*


Acabada a fase de movimentos bruscos, colocar a pessoa na Posição Lateral de

Segurança – PLS (pág. 51).

*


Manter a pessoa num ambiente tranquilo e confortável.

*


Avisar os Pais.

*


Enviar ao Hospital sempre que:



for a primeira convulsão



durar mais de 8 a 10 minutos



se repetir

Atenção:

Na criança pequena (idade inferior a 5 anos) a convulsão pode ser provocada (ou acompanhada)

por febre. Quando a crise terminar, deve verificar a temperatura axilar e se tiver
mais de 37,5ºC administrar antipirético sob a forma de supositório (Parecetamol, por

exemplo: Ben-u-ron, Tylenol ou similar
o que não deve fazer:

*


Tentar imobilizar durante a fase de movimentos bruscos.

*


Tentar introduzir qualquer objecto na boca, nomeadamente: dedos, lenços, panos,

espátulas, colheres, etc.

*


Estimular a pessoa dando a cheirar aromas fortes, tentando que beba água ou

molhando-a.

4.Corpos estranhos...
Corpos estranhos são corpos que penetram no organismo através de qualquer orifício ou

após uma lesão de causa variável.

Os corpos estranhos podem encontrar-se mais frequentemente nos olhos, ouvidos ou vias

respiratórias.

4.1 Nos olhos

 
Os mais frequentes são:

*


grãos de areia

*


insectos

* limalhas

sinais e sintomas:

*


Dor ou picada local.

*


Lágrimas.

*


Dificuldade em manter as pálpebras abertas

o que deve fazer:

*


Abrir as pálpebras do olho lesionado com muito cuidado.

*


Fazer correr água sobre o olho, do lado de dentro, junto ao nariz, para fora.

*


Repetir a operação duas ou três vezes.

*


Se não obtiver resultado fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma gase e adesivo e

dirigir-se ao Hospital.

o que não deve fazer:

*


Esfregar o olho.

* Tentar remover o corpo estranho com lenço, papel, algodão ou qualquer outro objecto.

4.2 no ouvido


Os mais frequentes são:
* insectos.


sinais e sintomas:
Pode existir surdez, zumbidos e dor, sobretudo se o insecto estiver vivo.
o que deve fazer:
Se se tratar de um insecto, deitar uma gota de azeite e depois deslocar-se para o Hospital.
o que não deve fazer:
Tentar remover o objecto.

4.3 nas vias respiratórias

Os corpos estranhos nas vias respiratórias podem causar perturbações de variável

natureza, de acordo com a sua localização.

sinais e sintomas:

São também variáveis. Pode existir dificuldade respiratória, dor, vómitos e nos casos mais

graves asfixia que pode conduzir à morte.

4.4 no nariz

Os mais frequentes, na criança, são os feijões ou objectos de pequenas dimensões.

o que deve fazer:

Pedir à criança para se assoar com força, comprimindo com o dedo a narina contrária,

tentando assim que o corpo seja expelido.

Se não obtiver resultado deve deslocar-se ao Hospital

4.5 na garganta

 
Os corpos estranhos entalados na garganta podem ser pedaços de alimentos mal mastigados,

ossos ou pequenos objectos. Estes corpos estranhos impedindo a respiração

podem provocar asfixia.

5 Crise asmática

A criança/ jovem com asma é capaz de responder com uma crise de falta de ar em situações

de exercício intenso (nomeadamente a corrida), conflito, ansiedade, castigos, etc.

sinais e sintomas:



*


Tosse seca e repetitiva

*


Dificuldade em respirar

*


Respiração sibilante, audível, ruidosa ("pieira" e|ou "farfalheira").

*


Ar aflito, ansioso.

*


Respiração rápida e difícil.

*


Pulso rápido, palidez e suores.

*


Prostração, apatia ("ar parado").

Note bem:



Na fase de agravamento da crise, a respiração é muito difícil, lenta e há cianose nas

extremidades, isto é, as unhas e os lábios estão arroxeados.





É uma situação grave que necessita transporte urgente para o hospital.

o que deve fazer:



*


Desdramatizar a situação. É importante ser capaz de conter a angústia e a ansiedade da

criança|jovem, falando-lhe calmamente e assegurando-lhe rápida ajuda médica.



*


Deve ficar com a criança|jovem num local arejado onde não haja pó, cheiros ou fumos.

*


Colocá-lo numa posição que lhe facilite a respiração

*


Contactar e informar a família

*


Se tiver conhecimento do tratamento aconselhado pelo médico para as crises pode

administrá-lo.



Note bem:



Se não houver melhoria a criança deve ser transportada para o Hospital.
 
6.crise

hipoglicémia


(diabetes)
A Diabetes é uma doença em que o pâncreas não produz uma quantidade suficiente de

insulina e há açúcar aumentando no sangue e urina. A Diabetes da criança e do jovem

requer tratamento com insulina.

A complicação mais grave e frequente do diabético jovem é a Hipoglicémia (baixa de açúcar

no sangue). Ocorre habitualmente depois da realização de exercício físico, por jejum

prolongado ou por exagero da dose de insulina, surgindo alguns destes sinais e sintomas.
sinais e sintomas:



*


Palidez, suores, tremores das mãos.

*


Fome intensa ou enjoo e vómitos

*


Confusão mental, raciocínio lento, bocejos repetidos, expressão apática e “apalermada”.

*


Voz entaramelada.

*


Alterações de humor: irritabilidade, agressividade, “rabujice”, teimosia, apatia.

*


Palpitações, pulso rápido.

*


Perda da fala e dos movimentos activos

*


Desmaio, convulsão, coma.

o que deve fazer:



*


Lidar com a pessoa com calma, meiguice e delicadeza (habitualmente há rejeição e

teimosia em relação ao que lhe é proposto).



*


Dar açúcar: 1 colher de sopa cheia ou 2 pacotes de açúcar. Aguardar 2-3 minutos e

repetir a operação até melhoria dos sintomas. O açúcar deve ser “empapado em água”

(não dissolvido, mas sim misturado apenas com algumas gotas de água). Após melhoria

dar um bolo, pão ou bolachas e um copo de leite ou água.



Note bem:



Usar e abusar do açúcar à menor suspeita, pois tomado em exagero de vez em quando não

prejudica, enquanto a falta ou o atraso ataca o cérebro e pode levar ao coma e à morte.

Se a pessoa não consegue engolir é uma situação grave que indica que esta necessita de

transporte urgente para o Hospital.

Não perder tempo!

7. Desmaio
 
É provocado por falta de oxigénio no cérebro, a que o organismo reage de forma automática,

com perda de consciência e queda do corpo brusca e desamparada.

Normalmente o desmaio dura 2 ou 3 minutos.

Tem diversas causas: excesso de calor, fadiga, falta de alimentos, permanência em pé

durante muito tempo, etc.
sinais e sintomas:



*


Palidez.

*


Suores frios.

*


Falta de forças.

*


Pulso fraco.

o que deve fazer:



1.


Se nos apercebemos de que uma pessoa está prestes a desmaiar:

*


Sentá-la.

*


Colocar-lhe a cabeça entre as pernas.

*


Molhar-lhe a testa com água fria.

*


Dar-lhe a beber chá ou café açucarados.

2.


Se a pessoa já estiver desmaiada:

*


Deitá-la com a cabeça de lado e mais baixa do que as pernas.

*


Desapertar-lhe as roupas.

*


Mantê-la confortavelmente aquecida.

*


Logo que recupere os sentidos, dar-lhe a beber chá ou café açucarados.

*

Consultar o médico posteriormente.

8. Doença Crónica
Algumas situações de urgência surgem ligadas à Doença Crónica, sendo aconselhável

saber como actuar face às crianças/jovens que a apresentam.


o que deve fazer:



*


Procurar saber (junto das Famílias e|ou Equipas de Saúde Escolar):

1. Se faz alguma medicação: qual o horário, como aplicá-la e eventuais efeitos secundários,

2. Que cuidados especiais deve ter e o que não deve fazer,

3. Se pode ou não praticar exercício físico e de que tipo,

4. Quais os sinais/ sintomas de alarme e saber reconhecê-los,

5. Quem e que serviços contactar em caso de crise

6. O que fazer nas crises, descompensações e/ou agudizações.



*


Ser securizador, transmitindo à criança/jovem a noção de que acredita nas suas capacidades

e potencialidades.



*


Ensiná-la/lo a viver a doença com optimismo.

*


Apoiar a sua autonomia e a auto-imagem.

*


Promover um ambiente estimulante e adequado no Jardim de Infância e/ou Escola.

*


Desenvolver espírito cívico de interajuda.

*


Evitar atitudes de condescendência e/ou pena.

Note bem:



Na doença crónica, mais do que qualquer outra situação, o fundamental é sempre equilibrar

atenção, amor e compreensão.

 




































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