O Gatilho
São mais umas páginas do meu diário, sempre escrevi sobre a minha vida, minha família, sobre os meus casos na polícia.
O meu pequeno diário não passava de um bloco de notas, de rascunhos muitas vezes, porque assim a minha profissão o exigia.
Meu nome é Jorge Mendonça, tenho 3 filhos lindos, duas meninas e um menino.
O meu rapaz é o meu orgulho, João, tem 6 anos, é o mais rufia na casa, diz que quando crescer quer ser polícia como o pai, prender os bandidos, usar pistolas. . .
Eu até ficaria orgulhoso senão soubesse os riscos da minha profissão.
Mas nunca pensei que um pequeno deslise me faria desistir tão depressa.
Depois tenho duas princesas lindas, a Joana e a Teresa têm 4 anos e foram a surpresa inesperada deste ano.
A minha vida de policial é muito complicada, todos os dias rezo a Deus voltar a casa, ver a minha família, vê-los crescer, vê-los a conquistar a independência e criar família.
Estava no meu carro com Rui meu companheiro de equipa, vinha aprender.
Estava no carro todo entusiasmado, parecendo um doberman.
Para mim todos os dias eram parecidos.
Este caso era numa casa abandonada, parecendo tantas outras, aquele lugar era frequentado como lugar assombrado, para assustar os turistas.
Ali eram apanhados todos os tipos de pessoas: Traficantes de drogas, fumadores, assaltantes, ali permaneciam jovens para as suas “diversões privadas”, jovens da escola exploradores…
Era um terreno deixado ao abandono.
Casa a partir aos bocados, tudo nela indicava ser perigoso.
Tinha mais um caso para resolver vindo dali …
Alguém tinha chamado a polícia toda para uma reunião até a minha chefe Teresa estava presente, e a minha amiga Lúcia também…
Claramente estávamos numa emboscada
A Teresa rondou o local e pediu-nos que deixássemos as armas.
-Teresa, desculpa não entendo a tua decisão- disse eu tentando chamá-la à razão
- Vêem para aqui crianças. E se acontecesse alguma coisa de mal a algum deles?
-Entendo…
5 minutos depois apareceu alguém por trás da Teresa, nós tentamos afastá-los mas estávamos desarmados…
-Não era bom estarmos armados? – perguntei com ironia
Foi arrastada pelo bandido, que impunha exigências para não a matar…
Eu desobedeci à ordem, peguei numa arma, sem pensar fui atrás deles e disparei contra o gajo.
Ele largou Teresa, corri atrás dele.
Entrei num quarto abandonado com uma cama, vi uma sombra de baixo e disparei.
De lá de baixo saiu minhas princesas e meu filho a sangrar.
Não acredito no que fiz.
Eles vinham sempre brincar para aquela casa, nem sinal do ladrão.
Levei meu filho numa ambulância para o hospital.
Veio o pior diagnóstico que um pai pode receber.
Meu filho estava surdo e tudo por minha culpa.
Ele sempre fora sensível a barulhos e o médico tinha-me avisado que isto poderia eventualmente acontecer.
Demiti-me da polícia e desde então não me perdoo-o pelo que aconteceu.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Um Vampiro Muito moderno
Um Vampiro muito moderno
A caça inesperada
Estava eu com a minha família num triste recanto, muitas árvores, grande espaço em frente em casa. Só pensava que ali faltava algo…
Uma parte de mim estava perdida e não sabia.
- Beth. Que estás aí a fazer? É meia-noite.
-Estou olhando as estrelas, a lua está linda, brilhante.
Minha prima pegou no seu cigarro e saímos para ir fumar.
Olhamos para o grande espaço em falta, o grande terreno verdejante começou a brilhar, uma sombra branca apareceu, aquele espaço parecia diminuir.
Onde só havia relva, ficou a haver um enorme castelo.
-“Wouw!” Pensei eu.
As luzes do castelo se acenderam e à janela apareceu a sombra de uma jovem lindíssima com cabelos longos.
O meu instinto foi acenar-lhe, àquela distância não esperava ter resposta, mas ela voltou a acenar-me.
Um sorriso branco transpareceu na escuridão e ela desapareceu.
-Aquela era a Lady Victória- informou-me a minha prima. -Muita gente pensa tê-la visto, mas já morreu no século XV. Há quem diga que o castelo é assombrado, quem lá entra simplesmente desaparece.
O castelo amanhã de manhã já cá não estará. Se falares nele irão dizer que estás louca.
Há quem diga que Lady Victória bebe sangue humano para se manter imortal, bela e rejuvenescida e vagueia no castelo.
Mas todos podemos ver Lady Victória, durante o dia, deitada no caixão, na Igreja de S. Cosmos.
A sua beleza está conservada.
Já tentaram queimá-la e quebrá-la mas ela continua intacta.
Quem visita a Igreja a esta hora diz não ver lá o corpo.
Já disseram que deve ser Santa e que realiza os desejos das pessoas.
Vários homens dizem ouvi-la cantar nos seus mais belos sonhos e oferecem-lhe uma das suas ovelhas para ela se alimentar como se de uma Deusa se tratasse, muitos homens sacrificam, por ela alguns membros da sua família.
-Érica! Porque me contas tais coisas?
-Lady Beth. Já é altura de saberes, antes da morte de seu pai pela sua mãe que virou um monstro, nós juramos protege-la princesa.
Nós somos caçadores de sombras.
Matamos esses sugadores de sangue, que aparecem aqui de vez em quando.
Já tem 18 anos, precisa de flores de alho, tome este colar com o crucifixo que seu pai lhe deixou e todas as noites tome banho com esta água da Igreja.
Mantenha-se longe do castelo.
“A curiosidade é grande, ainda por cima quando nos negam algo” pensei eu.
Algo me chama até lá.
Sinto que está lá algo que me completa. Lady Victória conhece-me e de certo minha prima estará a esconder-me alguma coisa.
Eu não sabia que minha mãe tinha matado meu pai, eu lembro-me dela ir apanhar flores num dia cinzento, escuro por sinal, para trazer para casa.
“é para dar alegria à casa meu bem”- dissera-me ela.
Quando chegou a casa sangrava.
A empregada foi chamar o doutor, que dissera que minha mãe foi mordida por um animal.
Meu pai estava a trabalhar, quando recebeu a carta do médico a dar a notícia, meu pai pegou no cavalo e cavalgou preocupado até casa.
Quando ele entrou em casa, dirigiu-se ao quarto, algo lhe saltou à garganta.
Meu pai caiu ao chão exangue.
Nunca mais vi minha mãe, meu pai morreu e desde de então fui criada com a minha prima.
Érica tem sido meu porto de abrigo, meu refúgio.
Aquele castelo brilhava ao longe, convidando-me a entrar.
Fui para a cama intrigada, minha vida parecia um filme de terror antigo.
Na noite seguinte fui a um bar divertir-me um pouco.
Toda a gente aqui é estranha.
Têm olhos brilhantes, dentes brancos e afiados, comendo carne muito pouco passada e bebendo algum licor vermelho.
Vi quem parecia ser Lady Victória me sorrindo.
-Eu prometo-te que se vieres ao meu castelo ninguém te fará mal.
Curiosa como eu sou, combinei ir ter com ela na noite seguinte.
Claro que teria de fugir da minha prima que me seguia para quase todo o lado.
Na noite seguinte vesti meu vestido de estilo gothico vermelho e preto, meu cabelo estava preso com um rabo de cavalo, meus brincos eram pequenos e brilhantes, tirei meu colar.
Se minha prima tinha razão e Lady Victória era uma vampira seria uma ofensa ir a sua residência provoca-la.
Lady Victória acolheu-me muito bem em sua casa. O Hall era enorme, um enorme salão onde dava para receber muitas pessoas e fazer grandes bailes ao fundo havia uma enorme escada em caracol feitas em madeira.
Pediram-me para subir até ao banheiro e tomar um banho quente de espuma e esperava-me um enorme quarto com uma cama onde caberiam à vontade 5 pessoas, com lençóis em cetim.
Vesti um vestido lindo que me tinham deixado e ia-me dirigir à sala de jantar.
O castelo era enorme, parecia um labirinto, não me lembrava de andar num castelo desde os meus 6 anos de idade, a altura em que “perdi os meus pais”.
A casa da minha prima Érica era pequena, modesta, aconchegante, havia muito amor, não tinha que me queixar.
Mas no castelo perdia-me.
Por engano entrei no quarto errado e encontrei…
-Wow!
Um homem lindo, escultural, estava de tronco nu, tinhas olhos azuis, cabelo preto despenteado, aparentavas ter os teus 24 anos.
-Ai! Desculpa! – disse eu meia embaraçada –estava a caminho da sala de jantar e entrei no quarto de um anjo.
-Ei calma! Anjo? A sala de jantar é lá em baixo. Eu chamo-me Érick e tu?
-Beth. – respondi-lhe sorrindo.
Meus olhos percorreram aquele tronco nu.
Os olhos dele seguiram os meus, ele sorriu-me.
-Podes-te sentar. Vamos juntos até lá.
Aceitei de imediato.
Sentei-me na cama dele, enquanto ele vestia uma t-shirt branca que lhe fazia transparecer os músculos.
Sem dar por ela, e sem dar conta dos meus actos, estavamos aos beijos.
Estava debaixoo dele, literalmente.
Sua barba roçava minha face.
Lady Victória apanhou-nos naquela situação.
"Que vergonha!" pensei eu.
-Érick! Tem maneiras! Hoje não! Eu prometi à Beth que ninguém lhe faria mal se ela viesse cá!
"Não faria mal nenhum! Até preferia ser devorada por este tigre antes da interrupção" pensei eu ainda sentada.
Ele recompôs-se.
E eu afastei-me.
-Desculpe Lady Victória, fui eu que me enganei no quarto- tentei desculpar-me de uma forma patética, pois procurava algo para comer e não algo delicioso para saciar outros desejos.
-Beth, não foste tu a culpada, disso tenho a certeza.
Enquanto caminhavamos aquela atracção foi-se quebrando, deu-me uma espécie de sono mas ainda continuava com muita fome.
Então comi um grande banquete na sala de jantar.
A sala tinha uma mesa comprida que dava sensívelmente para 40 pessoas, estava repleto de velas, com um candeeiro que ficava a meio da sala, que seria do século XIII, o teto parecia o fundo de um barco, haviam 4 pilares que compunham a sala.
Adorei a noite, despedi-me de tão bons hospedeiros.
Cheguei a casa da minha prima intrigada.
"Eles não são maus!" "Não podem ser" - pensei eu.
Rúben estava à janela vendo-me chegar.
-Beth! Estás bem?
-Estou Rúben. Porquê?
Segui os olhos dele, vi que se direccionavam para o meu pescoço e depois os seus olhos descairam para baixo.
-Eu estou bem. -disse eu e desviando os olhos dele para os meus, antes que me chateasse assério.
-Podias não te lembrar. Eles têm esse efeito nas pessoas.
Lembrei-me de sentir uma atracção repentina por Érick e por-me debaixo dele mesmo sem o conhecer. Eu não sou assim... não é assim que se comporta uma princesa.
Fui para o meu quarto.
Érica estava a preparar as suas armas para caçar vampiros.
Ia começar uma guerra mesmo à minha frente, e eu não podia evitar.
Érica chegou a casa com arranhões, andou pela vasta vegetação e não conseguiu entrar no castelo.
"Graças a Deus"- pensei eu, fossem o que fossem não mereciam uma oportunidade? Eles podem não magoar as pessoas.
Eu já estive lá com eles e nada aconteceu.
Decerto que a guerra aos meus doces hospedeiros estava declarada.
Fugi de casa da minha prima, fugi para a vasta vegetação deixando uma carta à minha prima.
Querida Érica
Não sei porque estás a fazer isto a pessoas que mal conheces.
Desculpa! Eu desobedeci-te, fui ao castelo e acho que lhes pertenço.
Meu coração ficou com Lord Érick, é um princípe encantador.
Eles não merecem sofrer por causa de mitos urbanos e espectulações, tu és mais forte que isso.
Eu amo-te minha prima e agradeço tudo que fizes-te por mim, mas penso que será hora de me deixares partir...
O único crime daquela família foi roubarem-me o coração.
Não os censures por isso...
Beijinhos
Beth
Assim fugi para o castelo, uma certeza eu tinha, eles não me iriam fazer mal, lady Victória prometera-me.
Vi as gárgulas a entrar no grande portão, empurrando-me com suas grandes garras, para dentro.
Aquele maravilhoso castelo estava todo modificado.
Escuro, sombrio, cheio de velas e nas paredes repletos de caixões.
O que parecia um castelo de princesas, saído de um conto de fadas tinha virado uma casa mortuária, pior que a mansão do conde Drácula das histórias de terror que minha mãe me contava.
Fui até à janela, está enoblado, não se via nada para fora.
Uma certeza eu tinha: Já não estava em casa.
Érick apareceu vestido de negro, com um sorriso irresistível, moviasse como um felino, tudo indicava perigo, não conseguia gritar, não conseguia resistir, acabei por o beijar outra vez, seus dentes roçaram minha pele e não me lembro de mais nada. Até hoje.
50 anos depois
50 anos se passaram penso eu
Lembro-me de acordar num caixão.
-Eu não estou morta - reclamei comigo própria.
Estava faminta, meus sentidos estavam mais apurados, meus olhos viam na densa escuridão distinguindo até a mais pequena partícula de pó, meus ouvidos ouviam o que vinha do andar de baixo distinguindo todas as vozes na perfeição, minha pele estava dura, gelada.
-Boa noite, meu amor. -disse-me Érick.
O olhar dele fez-me tremer.
Olhou-me como se me tivesse ganho numa batalha, como se fosse o seu troféu.
O seu sorriso era diabólico com os caninos expostos, a sua voz era hipnotisante, grossa e serena.
Ele caminhou até mim calmamente.
Eu depressa me pus de pé e lancei-me para a porta querendo fugir mas ele depressa me alcançou-
-Não me faças mal- implorei, ouvindo pela primeira vez a minha voz modificada, parecia o canto da sereia
-Claro que não, princesa Beth - disse-me ele beijando-me a mão- nossas mãos estavam na mesma temperatura, agora que me ia lembrando, no primeiro dia que ele tocou minha pele o seu toque era gelado, doce como se não me quisesse quebrar.
Disse-me para me arranjar que tinhamos uma reunião na sala de jantar.
-Mete-te bem apetecível - avisou-me ele olhando-me com ironia e desejo no olhar.
Na sala de jantar estavam reunidos os maiores vampiros da história.
-Lady Beth- saudou-me Conde Drácula.-está encantadora esta noite.
Agradeci-lhe a cortesia mas sabia que lhe iria de servir de jantar um dia.
Na reunião falaram-se de vários temas como a sobrevivência dos vampiros, os desejos de um recém criado, a sua força em batalha e a sua facilidade em morrer e em se distrair, a união entre espécies, a alimentação, as mudanças que tinham que fazer, a descrição.
Pediram-me que fosse estudar para Austrália, que ia ter que me habituar aos novos costumes, às roupas, aos penteados e à maneira de falar.
Érick seria meu irmão ou companheiro perante a minha nova vida.
"Ora bolas, tinha chegado o momento, ia ser o jantar deles alí mesmo, a reunião era para me preparem"
Érick parece que me leu a mente, abraçou-me por trás e beijou-me a orelha, sorrindo-me ao ouvido.
Ninguém se mexeu até ao final da reunião.
-A imortalidade fica-lhe bem- despediu-se o Conde.
Aí caiu-me a ficha, eu era um deles.
-Desculpa Beth,- falou-me lady Victória- deves estar faminta, fecha os olhos e toma este copo, tens de te alimentar.
Peguei no copo, claro que já sabia o que era aquilo mas gostei da sua atitude.
-Obrigada.
-Agora somos irmãs... Meu irmão escolheu-te.
Depois comemos carne mal passada.
-Érick tenho que ir ver a minha família.
-Beth, tens a creteza que é mesmo isso que tu queres? Passou muito tempo e tu estás igual...
-Raios! Que me fizeste?
-Cumpri o sonho de muitas miúdas em ti... Dei-te a imortalidade e a juventude eterna. E dou-te todo o meu amor se me aceitares...
Não lhe respondi.
-Quanto tempo passou?
-Humm! O tempo para mim é relativo mas acho que foram 60 anos. É pelo aspecto da tua prima e do fim dos Caçadores de Vampiros.
-Nossa! Que se passa com ela?
-Está numa casa de repouso, se quiseres podes ir vê-la.
-É seguro?
-Sim. Ela tem Alzaimer.
Toda a minha família tinha morrido podia visitá-los ao cemitério mas Érica tinha resistido.
-Ó minha doce Érica, continuas ser uma guerreira! Quero ir ter com ela hoje, por favor.
Érica estava deitada numa cama de hospital esperando a morte.
-Desculpa Érica- disse-lhe eu apertando a mão dela.
-Tua mão está gelada - disse ela tremendo- Quem és tu?
-Sou a Beth. A tua prima. Ó meu amor não esperava um final assim, tu tinhas razão e eu não ouvi, quem me dera poder fazer algo por ti.
-Não te conheço... - sua voz desvanesceu. O Alzaimer levou a melhor.
"É melhor assim" pensei eu.
Beijei-lhe a testa como se fosse uma despedida.
Érick esperava-me à porta com uma reação preocupada, teria medo que eu perdesse o controlo?
Ia visitá-la todos os dias até que acabei por perdê-la, a única pessoa que me restava.
Virei-me para Érick.
- Onde está o Rúben? Foi o único que não vi no cemitério, que não está com a minha prima, ele está vivo?
-Queres a verdade?
-Se poder ser agradeço...
- Beth ele ama-te, depois de fugires, esse palhaço leu a carta que era para a tua prima, correu até ao castelo querendo resgatar-te a todo o custo...
Uma das nossas gárgolas apanhou-o e o fez gritar.
A minha irmã levou-o para dentro e fez-lo falar.
Ele disse que te queria, que te ama, que te ia recuperar a todo o custo, que te via todas as noites a dormir e só não te tomou para ele porque te respeitava e criou-te como irmã.
Disse que me matava para que ficasses com ele.
Agora é o brinquedinho de roer da minha irmã.
O sangue que tomaste no primeiro dia é dele e das torturas que tem.
Depois deste tempo todo ele ainda resiste ...
-Eu quero vê-lo...
-Não Beth! Não te permiterei. Tu ama-lo também?
Pensei um pouco e não sabia essa resposta, só sei que o amava como irmão e protector nunca o vi de outra maneira.
Espererei até chegar ao castelo para falar com Lady Victória.
Este mundo é muito diferente do meu tempo: existem barcos modernos, hiates, jactos, carros, motas, tecnologias e novas formas de comunicar.
Minhas colegas de escolas só falavam que não conseguiam viver sem o Wi-Fi e sem o Facebook.
Eu dizia-lhes que não sabia viver sem Érick.
Elas riram-se de minha resposta.
Tenho que os conhecer, parecem ser interessantes, e também não me vou fazer de parva.
Depressa descobri o que era quando me apresentaram o computador.
As cartas e os telegramas deixaram de existir.
Já não se usavam penas, agora existem lápis e canetas.
Vêem-se poucos animais na rua, trocaram os retratos pelas fotografias.
-Érick, nós não aparecemos aqui no novo Mundo pois não? A gente não tem alma como terá reflexo e aparecer nas fotografias?
-Meu amor, nós temos a arte da manipulação, rapidez, agilidade e compelimos pessoas e máquinas. Tem calma.
Andei uns tempos para me habituar ao ambiente, aos costumes, às guerras.
Tudo era novo.
Conseguia cheirar e prever acidentes e incêndios, conseguia ler a mente humana, cada gesto era previsível.
Conseguia cheirar o sangue das pessoas e diagnosticar doenças.
Novos tempos e crise alimentar vampirica, novas doenças humanas estavam a evoluir e a ficar mais resistentes.
Fazia voluntariado num banco de sangue, com o diagnostico do sangue poderiamos alimentar sem problemas.
Novos conhecimentos e novas maneiras de se matar um vampiro.
Dá para ver no Google.
Mataram quase todos os vampiros, os mais famosos: O conde Drácula conhecido como o arrebata corações, Carmília a vampira lésbica, a Lady Victória com o seu canto angelical.
Pedi a Érick para visitar o castelo, não iria só por Rúben mas por Lady Victória.
Eles tinham sido descobertos, incendiaram o castelo, não existia nada, nem sinal deles.
Senti algo que nunca pensei sentir: Ódio, Raiva, Fúria.
Eu queimava por todos os lados.
Passei a ser muito territorial, todos os meus instintos estavam à flor da pele.
Não era apenas uma questão de sobrevivência, mas de justiça, vingança, derrubamento de sangue.
Minha missão era acabar com todos os hunters "todo o tipo de caçadores".
Tinha uma missão: conquistar, separar, morder e despedaçar.
Compelia homens e mulheres para realizar todos os objectivos.
Depois desta caçada de 150 anos voltei ao meu caixão para descançar.
Meu caixão ficou no cemitério, era um local sombrio, calmo.
Passaram-se mais 50 anos, fugimos para Nova York, muito povoada com discotecas atoladas, podia comer metade da população que ninguém ia perceber.
Quando começassem a perceber iria para a China.
Num bar escuro de Nova York avistei um rosto angelical, familiar.
-Érick meu filho! - falou aquele anjo - Minha Beth querida há quanto tempo.
-Mãe! Estás viva?
Aquilo não fazia sentido, ela era minha mãe, eu não tinha irmãos, eu tinha perdido toda a gente.
Agora tenho...
Minha mãe... Viva!
-Mãe, trouxe-te minha noiva. -Disse Érick entusiasmado.
Como poderiamos? Acabei de saber que somos irmãos. Não entendo nada.
-Fabuloso querido.
Fugi dali, estava perdida.
Encontrei Victor, um rapaz lindo muito perto da morte, estava desnorteado.
Ele tem que ser meu.- pensei eu.
Era altura de encontrar um novo amor, recomeçar a viver, aproveitar o resto da eternidade, confiar em mim mesma e ser feliz.
Sou lady Beth.
Vagueio por aí sozinha, olho, quero e conquisto.
Victor devolveu-me metade da humanidade, quando estou com ele entrego-me de completo, sinto a chama do amor, ele dá sentido à eternidade.
Pensava que seria impossível mas...
Tive com ele uma morceguinha linda "Beatrix".
Ela é tudo o que podia desejar: ter uma família e a repreender com as novas tecnologias.
Para falar a verdade há coisas que não aprenderei.
Eu sou a lenda e sou história...
FIM
A caça inesperada
Estava eu com a minha família num triste recanto, muitas árvores, grande espaço em frente em casa. Só pensava que ali faltava algo…
Uma parte de mim estava perdida e não sabia.
- Beth. Que estás aí a fazer? É meia-noite.
-Estou olhando as estrelas, a lua está linda, brilhante.
Minha prima pegou no seu cigarro e saímos para ir fumar.
Olhamos para o grande espaço em falta, o grande terreno verdejante começou a brilhar, uma sombra branca apareceu, aquele espaço parecia diminuir.
Onde só havia relva, ficou a haver um enorme castelo.
-“Wouw!” Pensei eu.
As luzes do castelo se acenderam e à janela apareceu a sombra de uma jovem lindíssima com cabelos longos.
O meu instinto foi acenar-lhe, àquela distância não esperava ter resposta, mas ela voltou a acenar-me.
Um sorriso branco transpareceu na escuridão e ela desapareceu.
-Aquela era a Lady Victória- informou-me a minha prima. -Muita gente pensa tê-la visto, mas já morreu no século XV. Há quem diga que o castelo é assombrado, quem lá entra simplesmente desaparece.
O castelo amanhã de manhã já cá não estará. Se falares nele irão dizer que estás louca.
Há quem diga que Lady Victória bebe sangue humano para se manter imortal, bela e rejuvenescida e vagueia no castelo.
Mas todos podemos ver Lady Victória, durante o dia, deitada no caixão, na Igreja de S. Cosmos.
A sua beleza está conservada.
Já tentaram queimá-la e quebrá-la mas ela continua intacta.
Quem visita a Igreja a esta hora diz não ver lá o corpo.
Já disseram que deve ser Santa e que realiza os desejos das pessoas.
Vários homens dizem ouvi-la cantar nos seus mais belos sonhos e oferecem-lhe uma das suas ovelhas para ela se alimentar como se de uma Deusa se tratasse, muitos homens sacrificam, por ela alguns membros da sua família.
-Érica! Porque me contas tais coisas?
-Lady Beth. Já é altura de saberes, antes da morte de seu pai pela sua mãe que virou um monstro, nós juramos protege-la princesa.
Nós somos caçadores de sombras.
Matamos esses sugadores de sangue, que aparecem aqui de vez em quando.
Já tem 18 anos, precisa de flores de alho, tome este colar com o crucifixo que seu pai lhe deixou e todas as noites tome banho com esta água da Igreja.
Mantenha-se longe do castelo.
“A curiosidade é grande, ainda por cima quando nos negam algo” pensei eu.
Algo me chama até lá.
Sinto que está lá algo que me completa. Lady Victória conhece-me e de certo minha prima estará a esconder-me alguma coisa.
Eu não sabia que minha mãe tinha matado meu pai, eu lembro-me dela ir apanhar flores num dia cinzento, escuro por sinal, para trazer para casa.
“é para dar alegria à casa meu bem”- dissera-me ela.
Quando chegou a casa sangrava.
A empregada foi chamar o doutor, que dissera que minha mãe foi mordida por um animal.
Meu pai estava a trabalhar, quando recebeu a carta do médico a dar a notícia, meu pai pegou no cavalo e cavalgou preocupado até casa.
Quando ele entrou em casa, dirigiu-se ao quarto, algo lhe saltou à garganta.
Meu pai caiu ao chão exangue.
Nunca mais vi minha mãe, meu pai morreu e desde de então fui criada com a minha prima.
Érica tem sido meu porto de abrigo, meu refúgio.
Aquele castelo brilhava ao longe, convidando-me a entrar.
Fui para a cama intrigada, minha vida parecia um filme de terror antigo.
Na noite seguinte fui a um bar divertir-me um pouco.
Toda a gente aqui é estranha.
Têm olhos brilhantes, dentes brancos e afiados, comendo carne muito pouco passada e bebendo algum licor vermelho.
Vi quem parecia ser Lady Victória me sorrindo.
-Eu prometo-te que se vieres ao meu castelo ninguém te fará mal.
Curiosa como eu sou, combinei ir ter com ela na noite seguinte.
Claro que teria de fugir da minha prima que me seguia para quase todo o lado.
Na noite seguinte vesti meu vestido de estilo gothico vermelho e preto, meu cabelo estava preso com um rabo de cavalo, meus brincos eram pequenos e brilhantes, tirei meu colar.
Se minha prima tinha razão e Lady Victória era uma vampira seria uma ofensa ir a sua residência provoca-la.
Lady Victória acolheu-me muito bem em sua casa. O Hall era enorme, um enorme salão onde dava para receber muitas pessoas e fazer grandes bailes ao fundo havia uma enorme escada em caracol feitas em madeira.
Pediram-me para subir até ao banheiro e tomar um banho quente de espuma e esperava-me um enorme quarto com uma cama onde caberiam à vontade 5 pessoas, com lençóis em cetim.
Vesti um vestido lindo que me tinham deixado e ia-me dirigir à sala de jantar.
O castelo era enorme, parecia um labirinto, não me lembrava de andar num castelo desde os meus 6 anos de idade, a altura em que “perdi os meus pais”.
A casa da minha prima Érica era pequena, modesta, aconchegante, havia muito amor, não tinha que me queixar.
Mas no castelo perdia-me.
Por engano entrei no quarto errado e encontrei…
-Wow!
Um homem lindo, escultural, estava de tronco nu, tinhas olhos azuis, cabelo preto despenteado, aparentavas ter os teus 24 anos.
-Ai! Desculpa! – disse eu meia embaraçada –estava a caminho da sala de jantar e entrei no quarto de um anjo.
-Ei calma! Anjo? A sala de jantar é lá em baixo. Eu chamo-me Érick e tu?
-Beth. – respondi-lhe sorrindo.
Meus olhos percorreram aquele tronco nu.
Os olhos dele seguiram os meus, ele sorriu-me.
-Podes-te sentar. Vamos juntos até lá.
Aceitei de imediato.
Sentei-me na cama dele, enquanto ele vestia uma t-shirt branca que lhe fazia transparecer os músculos.
Sem dar por ela, e sem dar conta dos meus actos, estavamos aos beijos.
Estava debaixoo dele, literalmente.
Sua barba roçava minha face.
Lady Victória apanhou-nos naquela situação.
"Que vergonha!" pensei eu.
-Érick! Tem maneiras! Hoje não! Eu prometi à Beth que ninguém lhe faria mal se ela viesse cá!
"Não faria mal nenhum! Até preferia ser devorada por este tigre antes da interrupção" pensei eu ainda sentada.
Ele recompôs-se.
E eu afastei-me.
-Desculpe Lady Victória, fui eu que me enganei no quarto- tentei desculpar-me de uma forma patética, pois procurava algo para comer e não algo delicioso para saciar outros desejos.
-Beth, não foste tu a culpada, disso tenho a certeza.
Enquanto caminhavamos aquela atracção foi-se quebrando, deu-me uma espécie de sono mas ainda continuava com muita fome.
Então comi um grande banquete na sala de jantar.
A sala tinha uma mesa comprida que dava sensívelmente para 40 pessoas, estava repleto de velas, com um candeeiro que ficava a meio da sala, que seria do século XIII, o teto parecia o fundo de um barco, haviam 4 pilares que compunham a sala.
Adorei a noite, despedi-me de tão bons hospedeiros.
Cheguei a casa da minha prima intrigada.
"Eles não são maus!" "Não podem ser" - pensei eu.
Rúben estava à janela vendo-me chegar.
-Beth! Estás bem?
-Estou Rúben. Porquê?
Segui os olhos dele, vi que se direccionavam para o meu pescoço e depois os seus olhos descairam para baixo.
-Eu estou bem. -disse eu e desviando os olhos dele para os meus, antes que me chateasse assério.
-Podias não te lembrar. Eles têm esse efeito nas pessoas.
Lembrei-me de sentir uma atracção repentina por Érick e por-me debaixo dele mesmo sem o conhecer. Eu não sou assim... não é assim que se comporta uma princesa.
Fui para o meu quarto.
Érica estava a preparar as suas armas para caçar vampiros.
Ia começar uma guerra mesmo à minha frente, e eu não podia evitar.
Érica chegou a casa com arranhões, andou pela vasta vegetação e não conseguiu entrar no castelo.
"Graças a Deus"- pensei eu, fossem o que fossem não mereciam uma oportunidade? Eles podem não magoar as pessoas.
Eu já estive lá com eles e nada aconteceu.
Decerto que a guerra aos meus doces hospedeiros estava declarada.
Fugi de casa da minha prima, fugi para a vasta vegetação deixando uma carta à minha prima.
Querida Érica
Não sei porque estás a fazer isto a pessoas que mal conheces.
Desculpa! Eu desobedeci-te, fui ao castelo e acho que lhes pertenço.
Meu coração ficou com Lord Érick, é um princípe encantador.
Eles não merecem sofrer por causa de mitos urbanos e espectulações, tu és mais forte que isso.
Eu amo-te minha prima e agradeço tudo que fizes-te por mim, mas penso que será hora de me deixares partir...
O único crime daquela família foi roubarem-me o coração.
Não os censures por isso...
Beijinhos
Beth
Assim fugi para o castelo, uma certeza eu tinha, eles não me iriam fazer mal, lady Victória prometera-me.
Vi as gárgulas a entrar no grande portão, empurrando-me com suas grandes garras, para dentro.
Aquele maravilhoso castelo estava todo modificado.
Escuro, sombrio, cheio de velas e nas paredes repletos de caixões.
O que parecia um castelo de princesas, saído de um conto de fadas tinha virado uma casa mortuária, pior que a mansão do conde Drácula das histórias de terror que minha mãe me contava.
Fui até à janela, está enoblado, não se via nada para fora.
Uma certeza eu tinha: Já não estava em casa.
Érick apareceu vestido de negro, com um sorriso irresistível, moviasse como um felino, tudo indicava perigo, não conseguia gritar, não conseguia resistir, acabei por o beijar outra vez, seus dentes roçaram minha pele e não me lembro de mais nada. Até hoje.
50 anos depois
50 anos se passaram penso eu
Lembro-me de acordar num caixão.
-Eu não estou morta - reclamei comigo própria.
Estava faminta, meus sentidos estavam mais apurados, meus olhos viam na densa escuridão distinguindo até a mais pequena partícula de pó, meus ouvidos ouviam o que vinha do andar de baixo distinguindo todas as vozes na perfeição, minha pele estava dura, gelada.
-Boa noite, meu amor. -disse-me Érick.
O olhar dele fez-me tremer.
Olhou-me como se me tivesse ganho numa batalha, como se fosse o seu troféu.
O seu sorriso era diabólico com os caninos expostos, a sua voz era hipnotisante, grossa e serena.
Ele caminhou até mim calmamente.
Eu depressa me pus de pé e lancei-me para a porta querendo fugir mas ele depressa me alcançou-
-Não me faças mal- implorei, ouvindo pela primeira vez a minha voz modificada, parecia o canto da sereia
-Claro que não, princesa Beth - disse-me ele beijando-me a mão- nossas mãos estavam na mesma temperatura, agora que me ia lembrando, no primeiro dia que ele tocou minha pele o seu toque era gelado, doce como se não me quisesse quebrar.
Disse-me para me arranjar que tinhamos uma reunião na sala de jantar.
-Mete-te bem apetecível - avisou-me ele olhando-me com ironia e desejo no olhar.
Na sala de jantar estavam reunidos os maiores vampiros da história.
-Lady Beth- saudou-me Conde Drácula.-está encantadora esta noite.
Agradeci-lhe a cortesia mas sabia que lhe iria de servir de jantar um dia.
Na reunião falaram-se de vários temas como a sobrevivência dos vampiros, os desejos de um recém criado, a sua força em batalha e a sua facilidade em morrer e em se distrair, a união entre espécies, a alimentação, as mudanças que tinham que fazer, a descrição.
Pediram-me que fosse estudar para Austrália, que ia ter que me habituar aos novos costumes, às roupas, aos penteados e à maneira de falar.
Érick seria meu irmão ou companheiro perante a minha nova vida.
"Ora bolas, tinha chegado o momento, ia ser o jantar deles alí mesmo, a reunião era para me preparem"
Érick parece que me leu a mente, abraçou-me por trás e beijou-me a orelha, sorrindo-me ao ouvido.
Ninguém se mexeu até ao final da reunião.
-A imortalidade fica-lhe bem- despediu-se o Conde.
Aí caiu-me a ficha, eu era um deles.
-Desculpa Beth,- falou-me lady Victória- deves estar faminta, fecha os olhos e toma este copo, tens de te alimentar.
Peguei no copo, claro que já sabia o que era aquilo mas gostei da sua atitude.
-Obrigada.
-Agora somos irmãs... Meu irmão escolheu-te.
Depois comemos carne mal passada.
-Érick tenho que ir ver a minha família.
-Beth, tens a creteza que é mesmo isso que tu queres? Passou muito tempo e tu estás igual...
-Raios! Que me fizeste?
-Cumpri o sonho de muitas miúdas em ti... Dei-te a imortalidade e a juventude eterna. E dou-te todo o meu amor se me aceitares...
Não lhe respondi.
-Quanto tempo passou?
-Humm! O tempo para mim é relativo mas acho que foram 60 anos. É pelo aspecto da tua prima e do fim dos Caçadores de Vampiros.
-Nossa! Que se passa com ela?
-Está numa casa de repouso, se quiseres podes ir vê-la.
-É seguro?
-Sim. Ela tem Alzaimer.
Toda a minha família tinha morrido podia visitá-los ao cemitério mas Érica tinha resistido.
-Ó minha doce Érica, continuas ser uma guerreira! Quero ir ter com ela hoje, por favor.
Érica estava deitada numa cama de hospital esperando a morte.
-Desculpa Érica- disse-lhe eu apertando a mão dela.
-Tua mão está gelada - disse ela tremendo- Quem és tu?
-Sou a Beth. A tua prima. Ó meu amor não esperava um final assim, tu tinhas razão e eu não ouvi, quem me dera poder fazer algo por ti.
-Não te conheço... - sua voz desvanesceu. O Alzaimer levou a melhor.
"É melhor assim" pensei eu.
Beijei-lhe a testa como se fosse uma despedida.
Érick esperava-me à porta com uma reação preocupada, teria medo que eu perdesse o controlo?
Ia visitá-la todos os dias até que acabei por perdê-la, a única pessoa que me restava.
Virei-me para Érick.
- Onde está o Rúben? Foi o único que não vi no cemitério, que não está com a minha prima, ele está vivo?
-Queres a verdade?
-Se poder ser agradeço...
- Beth ele ama-te, depois de fugires, esse palhaço leu a carta que era para a tua prima, correu até ao castelo querendo resgatar-te a todo o custo...
Uma das nossas gárgolas apanhou-o e o fez gritar.
A minha irmã levou-o para dentro e fez-lo falar.
Ele disse que te queria, que te ama, que te ia recuperar a todo o custo, que te via todas as noites a dormir e só não te tomou para ele porque te respeitava e criou-te como irmã.
Disse que me matava para que ficasses com ele.
Agora é o brinquedinho de roer da minha irmã.
O sangue que tomaste no primeiro dia é dele e das torturas que tem.
Depois deste tempo todo ele ainda resiste ...
-Eu quero vê-lo...
-Não Beth! Não te permiterei. Tu ama-lo também?
Pensei um pouco e não sabia essa resposta, só sei que o amava como irmão e protector nunca o vi de outra maneira.
Espererei até chegar ao castelo para falar com Lady Victória.
Este mundo é muito diferente do meu tempo: existem barcos modernos, hiates, jactos, carros, motas, tecnologias e novas formas de comunicar.
Minhas colegas de escolas só falavam que não conseguiam viver sem o Wi-Fi e sem o Facebook.
Eu dizia-lhes que não sabia viver sem Érick.
Elas riram-se de minha resposta.
Tenho que os conhecer, parecem ser interessantes, e também não me vou fazer de parva.
Depressa descobri o que era quando me apresentaram o computador.
As cartas e os telegramas deixaram de existir.
Já não se usavam penas, agora existem lápis e canetas.
Vêem-se poucos animais na rua, trocaram os retratos pelas fotografias.
-Érick, nós não aparecemos aqui no novo Mundo pois não? A gente não tem alma como terá reflexo e aparecer nas fotografias?
-Meu amor, nós temos a arte da manipulação, rapidez, agilidade e compelimos pessoas e máquinas. Tem calma.
Andei uns tempos para me habituar ao ambiente, aos costumes, às guerras.
Tudo era novo.
Conseguia cheirar e prever acidentes e incêndios, conseguia ler a mente humana, cada gesto era previsível.
Conseguia cheirar o sangue das pessoas e diagnosticar doenças.
Novos tempos e crise alimentar vampirica, novas doenças humanas estavam a evoluir e a ficar mais resistentes.
Fazia voluntariado num banco de sangue, com o diagnostico do sangue poderiamos alimentar sem problemas.
Novos conhecimentos e novas maneiras de se matar um vampiro.
Dá para ver no Google.
Mataram quase todos os vampiros, os mais famosos: O conde Drácula conhecido como o arrebata corações, Carmília a vampira lésbica, a Lady Victória com o seu canto angelical.
Pedi a Érick para visitar o castelo, não iria só por Rúben mas por Lady Victória.
Eles tinham sido descobertos, incendiaram o castelo, não existia nada, nem sinal deles.
Senti algo que nunca pensei sentir: Ódio, Raiva, Fúria.
Eu queimava por todos os lados.
Passei a ser muito territorial, todos os meus instintos estavam à flor da pele.
Não era apenas uma questão de sobrevivência, mas de justiça, vingança, derrubamento de sangue.
Minha missão era acabar com todos os hunters "todo o tipo de caçadores".
Tinha uma missão: conquistar, separar, morder e despedaçar.
Compelia homens e mulheres para realizar todos os objectivos.
Depois desta caçada de 150 anos voltei ao meu caixão para descançar.
Meu caixão ficou no cemitério, era um local sombrio, calmo.
Passaram-se mais 50 anos, fugimos para Nova York, muito povoada com discotecas atoladas, podia comer metade da população que ninguém ia perceber.
Quando começassem a perceber iria para a China.
Num bar escuro de Nova York avistei um rosto angelical, familiar.
-Érick meu filho! - falou aquele anjo - Minha Beth querida há quanto tempo.
-Mãe! Estás viva?
Aquilo não fazia sentido, ela era minha mãe, eu não tinha irmãos, eu tinha perdido toda a gente.
Agora tenho...
Minha mãe... Viva!
-Mãe, trouxe-te minha noiva. -Disse Érick entusiasmado.
Como poderiamos? Acabei de saber que somos irmãos. Não entendo nada.
-Fabuloso querido.
Fugi dali, estava perdida.
Encontrei Victor, um rapaz lindo muito perto da morte, estava desnorteado.
Ele tem que ser meu.- pensei eu.
Era altura de encontrar um novo amor, recomeçar a viver, aproveitar o resto da eternidade, confiar em mim mesma e ser feliz.
Sou lady Beth.
Vagueio por aí sozinha, olho, quero e conquisto.
Victor devolveu-me metade da humanidade, quando estou com ele entrego-me de completo, sinto a chama do amor, ele dá sentido à eternidade.
Pensava que seria impossível mas...
Tive com ele uma morceguinha linda "Beatrix".
Ela é tudo o que podia desejar: ter uma família e a repreender com as novas tecnologias.
Para falar a verdade há coisas que não aprenderei.
Eu sou a lenda e sou história...
FIM
A lenda do anjo caída (1º romance)
A lenda do Anjo Caído











Mas ele não me via, não me sentia.
A guerra entre o Céu e o Inferno manteve-se instável, com novos acordos a
humanidade pode voltar a viver em paz.



Prefácio
Durante a
nossa existência temos muitas oportunidades, muitas decisões a tomar…
Muitas delas
podem implicar algo tão forte que pode mudar o Mundo.
E se algo
fosse tão forte capaz de mudar o céu, o Paraíso e o Inferno?
Uma escolha que talvez pusesse a humanidade em
risco.
Algo que mudasse os tempos ancestrais.
Culpada seria eu se não aceitasse este pecado.
Fui capaz de mudar o Mundo.
Mas o que é que fiz?
Joguei por um amor imortal enquanto sou
humana, fraca e talvez não volte a reencarnar, não volte a existir e talvez
poderemos nunca mais ficar juntos, mas se ele continuasse a ser meu anjo,
ficaria comigo para sempre e aí nada mudaria…
Sofrimento ou alegria? Viver no mundo real nem
sempre é opção, vou perder esta oportunidade?
Só o destino
decidirá…
Capítulo I
Todos nascemos com um Anjo protector, que nos
conhece mais que nós próprios que virá além dos nossos antepassados, que vêm
connosco desde o início dos tempos e hoje venho falar do meu.
Talvez foi pecado o que fizemos, mas em tempo
algum irei me arrepender.
Meu nome é Bells, nasci numa cidade
enorme, repleta de cor e movimento, sinceramente nem ligo muito para o que se
passa além da minha porta para fora porque o que acontece é dentro de casa,
sim! No meu Mundo…
Sempre fui uma criança imaginativa como dizia
a minha mãe.
-Bells, com quem você anda a falar?
- Com meus amigos mãe não se
preocupa.
-Bells, que você está a fazer?
-Estou a brincar com as bonecas…
Fechada no meu quarto passava horas e
horas, inventando personagens, dando voz a elas, coisas de raparigas…
Ficava a ver a chuva a cair, ver o tempo a
passar, e não sabia o que fazer…
Cada vez mais era um bichinho de
buraco, presa no meu canto, imaginando um conto de fadas…
Fui crescendo, vendo o Mundo evoluir,
deixei de brincar de bonecas (talvez só um bocadinho pois ainda tenho meus
peluches e dou-lhes voz), ouço música e escrevo no meu diário.
Tudo muda, o tempo, os amigos, os sonhos…
Cada vez mais violentos e mais reais,
mas quando estou inquieta, perdendo-me no meio dos pesadelos, sinto-me
acompanhada e tudo passa…
O pesadelo suaviza, o grito
transformasse em lágrimas e dessas lágrimas uma alegria intensa vinda do fundo
da alma.
Acordo, e amanheceu, o sol brilha, os pássaros
cantam e dou por mim a pensar no futuro.
Mesmo nos momentos de maior tempestade sinto
sempre alguém presente.
Capitulo II
Os sonhos …
Cada vez tenho mais sono, cada vez
acredito mais que há uma força que não me deixa cair a cada instante, que me
faz levantar e procurar algo.
Nunca descobri o que seria.
Sempre pensei ser uma filha da Lua ou do Azar
como dizem, estou sempre me metendo em sarilho, em confusão, saio duma meto-me
logo em outra.
Mas algo não me deixa fracassar e acabo encarando
as coisas com um sorriso.
Perguntando-me “onde foi que falhei?”
Todas as noites eram tempestuosas e
não conseguia acordar para me libertar, como se alguém me quisesse ali.
Cada sonho, uma lição.
Acordava sem forças, sem rumo, sem compreender
o porquê…
Muitas vezes acordava com um só nome na cabeça
“MIKAEL”.
Não conhecia ninguém com esse nome, ninguém
com as características que sonhara, ninguém que acalmava meus soluços durante a
noite…
Amanheceu…
Tudo voltava à normalidade, toda aquela
turbulência, todo aquele desespero não tinha passado de uma ilusão, como se
fosse uma memória reprimida à muito tempo na mente e quisesse ser solta por
qualquer motivo.
Mas de manhã era a mesma de sempre voltando à
rotina e à luta.

Capitulo III
Conhecendo o anjo
Era uma noite estrelada, no quarto ao
lado meus pais dormiam tranquilamente enquanto eu olhava as estrelas, era meia-noite,
a coruja já estava a cantar e eu como rapariga imatura a pensar nos filmes que
tinha visto de manhã em vez de dormir.
Mas naquela noite algo estava diferente, ouvia
algo diferente, uma voz vinda do alto…
Algo que me encorajava, que queria que fosse
dormir, que estaria do meu lado e nunca de lá sairia, que estaria sempre atento
aos meus pensamentos, que nunca esteve alheios aos meus erros e que me ia
ajudar a corrigir, que estaria ali para o que precisasse, que iria atender a
minhas orações, amparar as minhas quedas e jamais queria ver as minhas lágrimas
mas as minhas vitórias em troca só tinha que agradecer cada dia além da
tempestade, porque tudo pode melhorar.
Para não ouvir o que me diziam…
Para me ouvir a mim mesma…
Fui para a cama dormir, sentindo-me quente,
acompanhada, caindo uma pequena lágrima no canto do meu olho sentia uma mão
limpando…
Acordava de manhã, estava eu como sempre,
sozinha…
Estranho, mais um sonho em que alguém me vinha
aconselhar e eu não querendo acordar.
Sentia-me rodeada de luz, de calor humano,
estaria protegida nas asas de um anjo?
Mikael…
Acordava eu várias vezes ouvindo uma voz na
escuridão “volta a dormir, nunca estarás sozinha”.
Senti um leve beijo no rosto.
Depois de tanto pesadelo sabia bem aquele
conforto no meio da escuridão.
Muitas vezes dava por mim a pensar para vir o
anoitecer pois estaria com um amigo, um conselheiro.
Quanto mais o tempo passava, conseguia ver os
seus ternos olhos, os seus longos cabelos, a sua cara marcada pelo tempo de uma
tristeza indecifrável, aspecto valente e robusto, por trás algo fofo teria,
seriam asas?
Ui! Estava sonhando outra vez ou estaria
maluca?
Mesmo que tenhas medo estarei sempre contigo…
Aquela voz…
Voz de veludo, rouca, afastada por um momento,
aumentando uns tons…
Porque o afastavam de mim enquanto teria mil e
uma questões?

Capítulo IV
Quando a esmola é grande o pobre
desconfia

Ia eu fazer os meus 18 anos de idade, sonhando
com uma grande festa rodeada de amigos, com a família, com todos aqueles que
amava, visto que toda a minha vida estava prestes a mudar.
Em breve, teria de encontrar um emprego,
começar a minha vida e obter a minha independência, que mais uma rapariga pode
ter?
Nessa manhã acordei eufórica tinha muita coisa
para fazer (escolher o vestido, o penteado…)
Escolher uma música para cantar (adoro cantar
embora cante no duche visto que desafino…) e porque resolvi fazer a festa num
bar karaoke.
Mas nessa noite tudo seria diferente sem saber
tinha todos os olhos postos em mim: os chamados humanos mortais e os imortais
(anjos e demónios).
Estava a fazer planos para o futuro (quando
crescer gostava de ser escritora, actriz e modelo), sempre pensei em aderir à
vida dos famosos, ter uma social life, amigos conhecidos e aparecer em
magazines.
Embora seja divertido, ganho alguma grana para
a minha vida.
Mas nunca pensei que naquela noite iria
receber tais propostas.
-Meu amor cuidado com aquilo que
desejas. Por vezes vocês são bombardeados para dar o que mais têm de precioso.
Aquilo que vos faz mover e vos tornam diferentes de todos os outros.
(Alertava-me Michael diversas vezes).
Eu só queria estar com ele que sinceramente
não prestava atenção aos termos e conselhos que ele dava.
“Vocês são como as flores tanto podem
nascer na luz como nas sombras”
Chegou a hora, já estava maquilhada, vestida
para arrasar.
“Hoje a noite é tua” pensava eu “nada
nem ninguém poderá destruir tua alegria”.
Cheguei ao local agendado, já estavam meus
familiares a postos com sorriso nos lábios prontos a dar-me os “parabéns”.
Olhava para todo o lado nem sinal de Michael
(claro ele era um anjo e não poderia vir cá), meus amigos iriam chegar mais
tarde (assim também poderia ir cantar sem julgamento, entre família não há
criticas só amor e borga).
Para meu espanto chegou um grupo com um rapaz
lindo, todos vestidos de negros.
Meu olhar não se conseguiu desgrudar nem um
minuto dele.
Seu corpo era bem definido parecia saído de um
filme, tinha cabelo despenteado, olhos verdes brilhantes, barba bem aparada.
O sonho de qualquer rapariga.
Parecia um BadBoy, pouco sorria.
O grupo não lhe ficava nada atrás, dois homens
mais velhos (um super moreno, de olhos castanhos, bem definido, o outro era mais
pálido de olhos azuis e uma rapariga loira, pálida de olhos azuis.
O rapaz mais novo estava ali procurando algo
ou alguém até que o olhar dele cruzou o meu.
Embora notasse não consegui deixar de olhar,
seus olhos parecia que me chamavam, algo nele era magnético, simplesmente
poderoso.
Com a cabeça a andar à roda abstraí-me
completamente do local que estava, com quem estava e fui ao bar onde se
encontrava o grupo para tomar a minha bebida preferida “caipirinha de vodka
preta” (para além de me deixar com mais dor de cabeça, pintava-me a língua e
tirava lindas selfies com ela de fora :p parecia um cão da raça chow chow).
Ele que já lá estava meteu conversa comigo.
Segundo ele estava ali para caçar estrelas.
-Adorei ouvir-te cantar. –disse-me
ele.
Corei de imediato, não tive tempo de reagir
nem de lhe perguntar o nome, fiquei com uma figura tão embaraçada que lhe
soltei um sorriso.
A rapariga loira reagiu ao sorriso dele, olhou
para ele escandalizada, virou-se de costas para mim e afastou-se com o resto do
grupo.
Então quando dei por mim estava a ser abordada
por mil e uma questões…
Algo me fez cair inanimada, no sono.
No meu sonho, aquele rapaz que estava comigo
tinha a cara destorcida, dois cornos, olhos vermelhos, trazia consigo um
contracto em que me tornaria uma estrela e ele domaria minha alma, não ia ter
vida própria, não iria dormir, iria-me afastar da minha família e de quem amava
para ter jato privado, champagne, limusina, flashes, makeup, roupas de borla,
comida de borla, hotéis pagos e uma data de fãs querendo um autógrafo e
felicitando meu trabalho iria pousar para revistas, cantar, representar, ir às
melhores festas, conhecer a fama e a glória, apresentar programas sem ter tempo
para encontrar meu verdadeiro amor, estaria nas mãos dele.
Dinheiro nem vê-lo só tinha que lhe dar a
minha alma.
Trocaria o meu sonho de ter fama e de
trabalhar por algo que me é eterno?
Apareceu-me Michael por trás de mim,
agarrando-me por trás num abraço, protegendo-me com suas asas.
- Michael estou a sonhar? A ter um
pesadelo enorme, por favor acorda-me.
-Não meu amor, estás a ver a
realidade, quando acordares terás de tomar a decisão, se aceitas esta proposta
dele ou não, desculpa, só te quis alertar enquanto havia tempo.
E num movimento que nem eu reparei, estava o
meu anjo atrás de mim dando-me uma prenda de aniversário.
Depois disso acordei…
Para meu espanto tinha o rapaz a segurar-me no
colo para não ter caído desamparada no chão.
-Obrigada- disse-lhe eu.
Para meu espanto, ele estava a afastar-se de
mim, já não me olhava nos olhos, já não estávamos lado a lado mas com mais
distância.
No balcão tinha um contrato da empresa dele e
uma caneta para assinar.
- Posso levar o contrato para ler e
rever em casa? Tenho que ver os termos técnicos com um advogado…
-Não posso. –respondeu-me – só estou
aqui hoje e amanhã estarei em Los Angels
Ia colocar as mãos sobre meu pescoço
mas algo queimou-lhe a mão.
-Acho que já escolheste o teu lado
-“desculpa”, não percebi.
Ele virou costas e desapareceu com o
seu grupo.
Eu virei-me para o bar onde estava pousado o
contrato e a caneta e tudo pegou fogo à minha frente.
Fui a correr para a porta do bar onde tinham
saído mas simplesmente desapareceram.
Dirigi-me então ao banheiro público, lavei
minha cara (graças a Deus minha Makup era à prova de água) e olhei para meu
pescoço.
Nele estava um colar com uma cruz, essa cruz
tinha umas pedras brancas, era lindo…
Nas luzes do bar o colar reflectia seu brilho.
Vi um vulto atrás de mim.
Virei-me e não era nada.
Olhei para o espelho vi reflectida a minha
imagem com a imagem de um homem lindo envolto de luz, abraçando-me por trás,
sua mão tocou a cruz e suas asas tocaram meus braços.
“Michael”
-“Parabéns!”- ouvi eu na minha mente,
sorri-lhe.
Senti um beijo ao de leve no pescoço e aquela
imagem que estava reflectida no espelho simplesmente desapareceu.
Passei a noite sem problema cantando os
parabéns e a comer bolo.
Bebi mais uns copos e fui cantar em dueto com
a minha prima (tenho sorte que na família são todos artistas mas ainda ninguém
descobriu).
Quando amanheceu encontrei-me eu na minha
cama, no meu quarto, sonhando com aquele protector que me salvou a vida e a
alma.
Capitulo V
No colo do meu anjo

Continuavam
aqueles sonhos que me levavam além do que podia.
Tinha que lutar, fugir, ficava sem forças,
caindo num precipício sem fundo, sem ter onde me agarrar, tudo está escuro,
nunca mais vejo o fundo, não estou a bater em nada, só me sinto a cair, quero
gritar mas não consigo, o coração bate descompassadamente…
Depois tudo se ilumina, sinto-me quente,
segura, sinto umas mãos a dar-me conforto…
Vão-me agarrando sem me deixar cair, recupero
as minhas forças, voando, sentindo-me noutra galáxia talvez, tudo à minha volta
modifica…
Acordo, estou de volta à minha cama, ao meu
Mundo, porto seguro, ou talvez não (mas pelo menos tenho chão).
Vou um passo de cada vez, parece que me
esqueci de andar, meu maior desejo era voar, sair da janela e ir ao encontro de
outra opção…
Não de voltar à minha rotina chata…
Queria agarrar-me àquelas lembranças, àquele
pensamento…
Àquele ambiente de amor, de carinho, em vez
disso mais uma ida à escola.
Estávamos nós no Inverno, muito frio,
agasalhos, parecia um presunto com roupas e roupas.
Chegando ao meu quarto, a alegria invadia o
meu rosto, a cor voltava-me à cara, sentava-me de pernas cruzadas, no silêncio
da noite, ouvindo os conselhos do meu amigo, eu contava-lhe em oração todos os
pormenores do meu dia (como se o meu amigo não me conhecesse e com paciência
ele ouvia).
No dia do meu aniversário ofereceram-me um
colar (lindíssimo), com uma cruz (chorei de emoção), cheia de fé fui metê-lo
logo ao meu pescoço.

Nessa noite,
meu anjo veio ter comigo, queria-me tocar o pescoço mas suas mãos trespassavam
meu corpo, como se ele fosse um fantasma, como se não existisse (chorei de tal
pensamento).
Nesse momento deu-me um sono repentino e
adormeci.
No meu sonho aparecia-me um homem envolto de
uma luz radiante, seus olhos brilhavam ao olhar para o meu rosto, um sorriso
rasgado vi no seu rosto angelical, e abraçou-me.
Ficamos naquele jardim, repleto de flores,
árvores e com uma cachoeira linda de água pura, o sol brilhava, tudo ao nosso
redor era perfeito.
Nesse instante ele acariciou-me o pescoço e
pegou na cruz, sorrindo, pedindo para que acontecesse o que acontecesse eu
nunca a tirar, que era mais do que eu pensava, teria o peso de uma pena e a
protecção divina.
Eu
prometi.
Depois daquela noite até completar os meus 22
anos ele me tem acompanhado, me mostrando a beleza em cada pequena coisa, para
acreditar no amor, que nunca iria ser magoada, para nunca fechar o meu coração
pois tudo seria capaz de acontecer.
Eu sempre acreditei nele e esperava poder
estar com ele.
Aquele pensamento arrepiava-me até ao mais
íntimo do meu ser e sabia que era correspondida de alguma forma, só que só
poderia sentir o seu carinho quando dormia e não poderia dormir eternamente
(mais uma vez assustei-me com tal pensamento).
Capitulo VI
Decisões

Voltei a adormecei depois de um dia atarefado.
Ele, simpático como sempre, estava me
esperando como uma estátua, olhando a cachoeira.
“É linda” exclamei eu perdida em pensamentos.
Fiquei à espera de uma resposta em vez disso
recebi um abraço apertado e um beijo (pronto caldo entornado pensei eu).
Fiquei especada como uma tona enquanto ele me
olhava na espectativa.
“Ai céus que fiz eu?” –pensei.
Ele continuava-me a olhar, preocupado,
tentando ler meus pensamentos, mas eu simplesmente paralisei.
“Raios, nem nos meus sonhos me consigo mexer”-
continuei a pensar.
Um sorriso entoou no meio das árvores me
fazendo estremecer.
“Desculpa”-
pediu-me ele.
-Não só não estava à espera…
- Estava a
pensar… Estarei sempre aqui para o que precisas mas não te posso tocar nem me
meter nas tuas decisões. És livre… E gostava de tomar uma decisão caso aceites
claro…
-Que tem a
tua decisão haver comigo?
- Eu gosto
muito de ti e gostaria de estar contigo como estou agora, só que não consigo e
assim será durante anos, milénios…
-Não
entendo.
-Gostava de
ser humano, poder amar sem consequências, continuar a proteger-te, em cada
passo, acompanhar-te e puder sentir o que tu sentes, algo mudou nesta
encarnação… Eu conheço-te e sei todos os teus pensamentos e como ages.
-Tens isso
em vantagem. –brinquei eu.
-Isso é
sério, quero abdicar o que sou para passar a ser teu protector e viver como tu,
mas tu não te lembrarás de mim, terei que te conquistar.
-Oh! Não vai
ser difícil.
-Pois não!
Vai ser um bico de obra…
-Não preciso que sofras por mim…
-Vai ser uma
grande decisão… Mas se continuar assim também sofro.
Acariciei-lhe
a face.
-Não te
preocupes, tu sempre sabes a coisa certa a fazer.
Capitulo VII
O rebuliço
nos Céus

Em todo o
Paraíso os Anjos falavam sobre as Leis de Deus e no dever deles enquanto
guardiões da humanidade.
Algo que nós como humanos nunca acreditamos,
os seus trabalhos muitas vezes passam-nos ao lado.
Mas eles continuam ao nosso lado, pacientes,
em cada passo que damos, dando-nos equilíbrio e apoio nos momentos necessários,
amparando nossas quedas, chorando com nossos fracassos.
Deus andava a por ordem e tentou persuadir o
Anjo.
“Meu Filho,
tu és um ser de grande responsabilidade,
estás a abdicar da segurança dela que é o teu trabalho.
Sabes que
temos triliões de filhos nas mãos e não podemos trocar de Anjo, sei que estás a
sofrer mas ela tem que passar por suas pedras e precisa de ti para a ensinares
e guiares, se abdicares da tua responsabilidade esquecerás as tuas funções,
quem foste e quem sabe esquecerás dela também."
“Será
possível meu Pai”- perguntou ele preocupado.
“Sinceramente
não sei. Nunca fiz isto com nenhum filho meu. Até a encontrares será um longo
caminho a percorrer e quem sabe se a encontrarás.”
“Por ela
correrei esse risco.”
E assim Deus
tomou a decisão de deixar aquele filho fugir mas deu-lhe a oportunidade de se
despedir de Bells.
Nessa noite
voltei-me a reencontrar com o meu Anjo, foi uma dura despedida, não sabia se ia
voltar a vê-lo.
Foi a única
vez que tive um doce sonho.
Tinha de
acordar, não fui eu que queria, ele quis arriscar e prometeu-me que ia voltar.
No dia
seguinte senti-me vazia, fria, desprotegida, mal dormia, mal deitava a cabeça
sofria ataques de todos os tipos (todo o tipo de pesadelos), gritos sufocados
de dor, lágrimas foi o que esperavam naquele mês (pensava eu que seria tão
breve).
Capitulo VIII
Rebuliço nos
Infernos

Eu era um alvo a abater.
Até Satanás fez uma Assembleia.
Estava sem o meu anjo protector, sem a luz que
abrilhantava as minhas noites (lá se foram os meus bons pensamentos).
Tinham todos os olhos em mim.
Fui puxada várias vezes para os maus caminhos,
para a depressão e tristeza.
Que mais estará no meu caminho?
Capítulo IX
Pensamentos
Passavam
dias, horas, meses e a promessa do meu anjo fora quebrada.
Eu dizia nas minhas orações que o queria de
volta, mesmo sendo um anjo, todo o Mundo tem direito a se arrepender.
E ele? Teria
direito a um arrependimento? A uma segunda oportunidade?
“Espero que ele esteja bem”.-pensei eu.
“Mikael”
suspirava todas as noites, aguardando notícias, um sinal.
Mas nada…
O Tempo passava, olhava a chuva cair, pensando
em voltar a adormecer e acordar de novo naquele lugar onde te conheci.
O primeiro olhar, aquele sorriso que todas as
noites aquecia a alma.
Decidi olhar para a lua, mas tudo me faz
lembrar de ti.


Capítulo X
Lembranças


Aquele doce
lugar iluminado.
Mikael
estava sentado naquela floresta esperando-me com uma rosa na mão.
Olhou-me o
rosto.
Não consegui dizer nem uma palavra.
Ele abraçou-me, ficamos assim por breves
instantes…
Até que ele me atirou ao chão, embrulhamo-nos,
rebolando, sentindo o toque gelado da erva, o cheiro das flores e os doces com
cheiro a canela que me oferecia.
Sonhávamos com o futuro, sei que ele estaria
comigo.
Ele deve-me isso. Prometeu-me.
“Bells sabes que te quero fazer feliz”
“Eu sou feliz Mikael, obrigada por estares a meu lado”.
“Eu também sou feliz, enquanto estou a teu lado e te consigo
tocar”
“Mesmo quando não consegues Mikael, sei que estás ao meu
lado, estás comigo e sinto-me segura.”
Ele olhou-me nos olhos
e beijou-me a testa.
Ali permanecemos
naquele maravilhoso lugar (até ao ciumento do meu despertador começar a tocar e
eu ter de acordar e voltar à minha rotina.)
Lá me levantei eu toda
despenteada da minha cama, com cara de poucos amigos, deitando-me na cama querendo
adormecer, ouvi um riso ecoando na minha mente (sabia que ele estava comigo…
Até nos momentos mais embaraçosos, ora bolas…)
Capitulo XI
O Homem
confuso
13 de
Setembro de 2015
Foi
encontrado um homem no meio da floresta completamente nu, ninguém sabia da sua
identidade, nem de onde viria tal monumento.
Nem ele mesmo sabia quem era.
Foi levado à
Junta de Freguesia e deram-lhe algumas roupas, comida e casa.
Um homem tão lindo, solto por aí a começar do
zero…
Aparentava ter uns 33 anos, seu rosto tinha
marcas de sabedoria, de trabalho.
Achou uma rapariga linda, com os seus 27 anos,
loira, escultural que lhe arranjou emprego e pelos vistos além de emprego
deu-lhe amor.
Quem seria ele?
O que faria ali?
Entretanto aquele homem tinha ganho um novo
rumo, uma nova vida, e tudo o que ele merece.
Capitulo XII
A Grande
Guerra

Depois da
despedida dele tudo mudou.
Não foram só meus sonhos não.
A humanidade estava mais fria, não havia amor,
de um lado havia luz do outro o sol não conseguia alcançar, as águas estavam
revoltas, os pássaros deixaram de cantar, as árvores morriam, havia um fogo
intenso consumidor de Mundos.
Do outro o sol brilhava, enquanto as nuvens
não tapavam.
Começou a guerra.
Irmãos contra irmãos, famílias contra famílias,
animais contra humanos, anjos contra demónios, elementos contra elementos.
Casas voavam, gritos de crianças que eram
violentadas por aqueles que lhes deviam dar protecção.
E eu sem o meu anjo.
“Caneco”- pensei eu. “Tenho que pensar em
alguma coisa para além de mim.”
Fui para o meio dos carros que voavam, tentava
apanhar algo para salvar, gritava contra os vendavais.
Mas aquilo mais parecia um filme de terror e
destruição.
Entretanto o vento me levantou e atirou-me
contra um homem que eu mal conheci-a.
Aparentava ter os seus 33 anos, tinha algo de
familiar naqueles olhos e rosto marcado pelo tempo.
Ele olhou para mim e me ignorou.
Algo dentro de mim fez-me estremecer e cair de
relance ao chão.
Um demónio me tinha mordido, eu tinha caído
num sono profundo.
Ouvi aquela voz de veludo a perguntar-me se
estava tudo bem, se precisava de ajuda (claro que precisava, dah! Estou a
morrer!).
Mikael disse eu como último suspiro e
morri-lhe nos braços.
Uma lágrima caiu-lhe no rosto.
Vi uma menina caída nos braços do seu amado,
minha mão tocou-lhe no ombro “está tudo bem” sussurrei-lhe ao ouvido.

Eu tinha-me
transformado o que ele fora para mim (UM ANJO).
Farta de aturar tanta destruição atirei-me aos
demónios mandando-os de volta para o Inferno.
“Minha
filha, bem-vinda a mim”- disse-me Deus.
“Agora em
diante serás um anjo protector daquele homem amparando os seus passos”.
E assim foi
durante milénios.

Capitulo XIII
A força do
amor

Em muitos
anos vi o homem que eu amei com outras mulheres, constituindo família, e
chorava por cada queda dele.
“Foi ele que
escolheu assim. E é feliz tenho que o deixar.”
Deus viu a
minha tristeza e veio falar comigo.
“Minha
filha, aqui é o Paraíso, todos os Anjos são felizes e responsáveis, mas vejo
tristeza em teus olhos, se quiseres posso-te mudar de posto, mas acredito que
sofrerias ainda mais.”
“Meu Pai,
gostaria que lhe perdoasse, lhe desse de novo a memória e as asas”- pedi-lhe
eu.
“Ele é que
as tem que voltar a pedir minha filha, entra-lhe no sonho e vê se ele se lembra
de ti”.
“Obrigada”.
Nessa noite
entrei na mente de Mikael, ele meteu-me as mãos ao pescoço, tocando algo
brilhante, olhei e um sorriso nele vi.
“Amo-te minha Bells disse ele, nunca te
esqueci e peço-te que me perdoes.”
“Minha
filha, agora a decisão é tua. Queres devolver-lhe as asas?” –perguntou Deus.
“Se é isso
que ele quer, claro que lhe perdoo-o, e se tiver ao meu alcance com a graça de
Deus lhe devolvo as asas”
De repente
uma alma pura veio ter comigo, era ele com aquele sorriso que só eu conhecia.
Dei-lhe um beijo e prometi-lhe que seriamos um
só.
No Paraíso isso foi inédito tanto que para
além de sermos anjos da guarda e conselheiros eramos os protectores e
professores do amor.
Tínhamos que mostrar o amor e a beleza na
Natureza.
E o nosso amor venceu.
Mudamos a humanidade e os pensamentos
negativos das pessoas, assim crêem que tudo é possível, com amor, dedicação,
carinho há sempre um novo amanhecer.

|
Poderíamos
dizer que a nossa história chegou ao fim.
Se fossemos mortais diria que sim.
Mas a nossa história vai além dos tempos e do
espaço, temos sempre um novo capítulo para escrever.
Assim estou contigo naquele lindo lugar em que
te conheci, naquele lugar dos meus sonhos, cumpriste o que prometeste meu
anjo e eu agora também te prometo o que
queria: Estar contigo e amar-te eternamente.
|

Amor é auto
conhecimento.
Amor tem ramos tão fortes, tão fortalecidos que nem a distância, maremotos, terramotos, incêndios, raios, tempestades, meteoritos e até a própria morte é capaz de destruir.
O amor dá-nos força de lutar, de reagir na atrocidade, de rir nas maiores tristezas, de viver, de descobrir o desconhecido, faz o pleno gatinho virar leão e proteger o que é se, é conquistado e genuíno.
Amor é poderoso e a maior riqueza da raça humana
Amor tem ramos tão fortes, tão fortalecidos que nem a distância, maremotos, terramotos, incêndios, raios, tempestades, meteoritos e até a própria morte é capaz de destruir.
O amor dá-nos força de lutar, de reagir na atrocidade, de rir nas maiores tristezas, de viver, de descobrir o desconhecido, faz o pleno gatinho virar leão e proteger o que é se, é conquistado e genuíno.
Amor é poderoso e a maior riqueza da raça humana
Não olhes para mim
assim!
Como se visses uma estrela brilhante diferente no planeta.
Não me olhes assim, como se tivesse mudado o teu Mundo.
Não!
Simplesmente, estarei aqui para te dar um ombro amigo! O resto será fruto da tua imaginação!
Não olhes para mim como se me quisesses mudar, se nem me conheces para ver quem realmente sou.
Não olhes para mim a julgar-me por aquilo que achas que sou.
Não me julgues por aquilo que ouves falar de mim, ou por aquilo que viste numa imagem que mal interpretaste.
Tu olhas para mim mas não me vês.
Dizes que me Amas como se de uma palavra simples e vulgar se tratasse.
O Amor não é apenas uma simples palavra mas um sentimento que tem que ser demonstrado.
Como uma flor que plantasse, regasse, dá-se amor, cuidasse e com paciência deixasse crescer.
Não me beijes.
Judas traiu Jesus com um beijo.
Um beijo que hoje em dia é um ato fácil e banal, que facilmente não se dá com sinceridade.
Quantos beijos são trocados sem amor? Sem sentimento? Só porque se sente na obrigação ou para não se magoar?
Não me digas és meu se nasceste para ser livre e feliz.
Sem se querer ofender mas se quisesse ser dona comprava um cão.
Não quero que te submetas a mim, não quero ter nenhuma marioneta ou rôbot, mas que estejas ao meu lado, sejas feliz e me acompanhes na minha jornada se esse for o nosso destino.
Se não for o nosso amor continuará além dos tempos, pois seremos amigos e estarei aqui para amparar as tuas lágrimas, acompanhar-te nas tuas lutas, levantar nas tuas quedas, terás um ombro amigo para desabafar e companhia para sair e aliviar a cabeça.
Como se visses uma estrela brilhante diferente no planeta.
Não me olhes assim, como se tivesse mudado o teu Mundo.
Não!
Simplesmente, estarei aqui para te dar um ombro amigo! O resto será fruto da tua imaginação!
Não olhes para mim como se me quisesses mudar, se nem me conheces para ver quem realmente sou.
Não olhes para mim a julgar-me por aquilo que achas que sou.
Não me julgues por aquilo que ouves falar de mim, ou por aquilo que viste numa imagem que mal interpretaste.
Tu olhas para mim mas não me vês.
Dizes que me Amas como se de uma palavra simples e vulgar se tratasse.
O Amor não é apenas uma simples palavra mas um sentimento que tem que ser demonstrado.
Como uma flor que plantasse, regasse, dá-se amor, cuidasse e com paciência deixasse crescer.
Não me beijes.
Judas traiu Jesus com um beijo.
Um beijo que hoje em dia é um ato fácil e banal, que facilmente não se dá com sinceridade.
Quantos beijos são trocados sem amor? Sem sentimento? Só porque se sente na obrigação ou para não se magoar?
Não me digas és meu se nasceste para ser livre e feliz.
Sem se querer ofender mas se quisesse ser dona comprava um cão.
Não quero que te submetas a mim, não quero ter nenhuma marioneta ou rôbot, mas que estejas ao meu lado, sejas feliz e me acompanhes na minha jornada se esse for o nosso destino.
Se não for o nosso amor continuará além dos tempos, pois seremos amigos e estarei aqui para amparar as tuas lágrimas, acompanhar-te nas tuas lutas, levantar nas tuas quedas, terás um ombro amigo para desabafar e companhia para sair e aliviar a cabeça.
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